30 de abr. de 2012

Os haicais de Joaquim Pedro Barbosa

da gaiola
só o canto
voa

(Joaquim Pedro Barbosa)

Esse texto, abaixo, com o qual comungo, é de André Luiz dos Santos, poeta e professor da Universidade Estadual de Goiás e complementa a justa Apresentação que fez do "Caderno Dois", um livro de Haicais de Joaquim Pedro Barbosa, mineiro, 51 anos e amigo virtual de longa data.

Joaquim Pedro Barbosa e eu, trocávamos mensagens quando ele escrevia para o "Prosa e Poesia" do Portal Vermelho, onde trabalhei editando colunas. Foi lá que conheci seus haicais e aprendi a admirá-lo por sua sensibilidade e habilidade com as poucas palavras, mas que dizem um universo. Escrever haicais, é raro e não é fácil. Há que se fazer a sistematização de um acontecimento de forma poética e, com sagacidade, passar a emoção do momento.

Essa postagem é uma forma singela de homenagear e agradecer a amizade de Joaquim, que me enviou os haicais de presente e dedicou "Caderno Dois", entre outras pessoas, a mim. Quanta honra foi ver meu nome em seu livro! Tento retribuir, assim, a nossa amizade que ele recebeu com tanta consideração!


Caderno Dois (2011) é o segundo livro do autor mineiro.
O primeiro, 
Caderno Verde: Haicais e Outros Menos, é de 2006. 
"Os que chegam em nosso mundo encontram um tempo de muitas palavras. A televisão, a internet, a política, a educação, os jornais e as revistas produzem incessantemente informações. Palavras sobre o mundo, as pessoas e a natureza. Por outro lado, se depararão com a nossa solidão, o nosso medo e a violência. O filósofo húngaro Georg Lukács diz, melancolicamente, sobre o nosso mundo que "ser homem significa ser solitário". Os novos estranharão a incomunicabilidade de um tempo de tantas palavras. E esta contradição diz mais de nós mesmo do que as próprias palavras.

O poeta paranaense Paulo Leminski conta a história de um tempo muito feliz para a poesia, uma época em que só era permitido fazer um poema com três palavras. Depois desse tempo, os poetas descobriram que se poderia fazer poesia com quantas palavras quiserem. Mas o tempo feliz da poesia era também um tempo feliz da palavra e dos homens. Se existe felicidade, uma proximidade verdadeira entre as pessoas, não é necessário tanto palavrório. O psicólogo russo Lev Semenovich Vigotski afirma que, para Tolstoi, "quando duas pessoas vivem em íntimo contato psicológico, essa comunicação por meio da fala abreviada constitui a regra, e não a exceção".

Longe desse tempo as palavras devem conter em si esta recordação. As palavras guardam em algum lugar a saudade do tempo em que valiam a felicidade dos homens, assim como guardamos em nossos sonhos recordações de felicidades de nossa infância. Estas imagens oníricas é o que nos motiva, o que acende e ilumina os nossos desejos. Por isso, é preciso sonhar e, talvez, não se esquecer de acreditar no sonho feliz da palavra.

Joaquim Pedro Barbosa, poeta mineiro, lançou recentemente o seu primeiro livro de poesia, Caderno Verde: Haicais e Outros Menos, querendo assim mostrar para todos sua amizade com as palavras. Os bons amigos são fiéis à infância. É uma cumplicidade de poucas palavras, de quem sabe que é a infância o verdadeiro lugar do desejo. Este encontro aparece feliz no poema, "crescer/ CRESCER/ até virar/criança", e brincando com a chuva, "quanta goteira!!!!/ no lugar da telha/ uma torneira".

No entanto, esta literatura não vira as costas para o mundo com seus ruídos e tumultos, é solidária com a cidade grande. "Quanta coisa Nova na metrópole/ inclusive a lua". Refere-se à leitura, e a nossa insistente incapacidade de repartir este ato a todos, de uma forma bem-humorada, como se houvesse insatisfação da própria palavra, "o anal-fa-batismo/ é um c...". A leitura é, ou deveria ser, uma luz a iluminar corações e mentes, "acendeu a luz e leu/ leu e a luz se acendeu".

O Caderno Verde de Joaquim Pedro Barbosa é um livro sobre a natureza. Não esta natureza, que serve de pretextos e subterfúgios de homens que não sabem olhar nem para si próprio, nem para os outros que os cercam, criando apologias que lhes permitem destruir e dormir em paz. Na natureza dos poemas de Joaquim Pedro estão o homem, a cidade, os bichos, as plantas e a palavra. E assim, como um velho ditado, se refere ao Cerrado, "Deus escreve certo por lenhas tortas". Sobre a liberdade, sem a qual não são possíveis a invenção, o amor e o canto, escreve, "da gaiola/ só o canto/ voa". 


Joaquim Pedro Barbosa
A leitura dos poemas de Joaquim Pedro Barbosa, tão infinitamente pequenos, é um caminho a tão demasiada e leve grandiosidade da palavra. É um encontro com os tempos antigos e felizes da palavra. Os que chegam ao nosso mundo terão orgulho de saber da existência de um sonho em que o mais importante e fundamental a ser extraído da natureza é a sua beleza, para assim poderem imaginar uma segunda natureza mais humana" (Andre Luiz dos Santos). Este texto foi copiado do vermelho.org.
Ler também Poesia concisa, precisa

Alguns haicais de "Caderno Dois" estão na página deste blog: Haicai.

28 de abr. de 2012

O piano de Ada é sua maior paixão



O piano de Ada é sua maior paixão... e aquele piano largado na areia espelhada pelo mar, aquela cena cinzenta na desolada praia brava, que exala cheiro de sal e brisa grudente e fria, desperta os sentimentos incompreensíveis da melancolia. Uma solidão remota, quase ausente, perdida num passado em branco e preto que pulsa qual as teclas na canção do piano, que sempre cobicei, e uma tristeza longínqua por todas as mulheres que sofreram ao longo de séculos e milênios, antes de mim e sabe-se lá até quando, ceifadas de sua liberdade. Vi e revi "O Piano", porque o filme merece. Até porque, adoro piano e a história, uma violenta história de amor, tem final feliz. A mocinha do filme se chama Ada, interessante coincidência, e me comoveu muito a força e a coragem com que lutou por seu amor e seu piano.

O enredo
À época que a Nova Zelândia estava sendo colonizada, pode-se ver os indígenas Maori trabalhando para o branco colonizador Stewart. Um lugar inóspito, lamacento, chuvoso. É para lá que se muda Ada McGrath, que com seis anos de idade resolveu parar de falar e nem ela sabe porque. Ela vai na companhia de sua filha, Flora. Ela se casará com Stewart, desconhecido para ela, num casamento arranjado por seu pai.
A viagem é pelo mar tempestuoso e num precário barco ela chega à praia onde, entre suas malas, há a bagagem principal, seu piano. Ela passa uma noite com sua filha acampada na praia em um saiote - que à época era feito de armações em madeira - esperando virem buscá-las... que recepção! que decepção! Isso e mais a negação dos Maoris, com a conivência de seu marido em levar o piano até a aldeia, a faz rejeitar o futuro marido...

O piano fica largado na praia exatamente onde desembarcou e a cena mais linda do filme é quando George Baines, um Maori, a leva para tocá-lo à beira mar. Ela expressa todos os sentimentos tocando e tocando e tocando emocionadamente aquele piano, diante do mar bravio, até anoitecer. Sua voz e palavras são o piano e Baines então se apaixona por ela...

Baines compra o piano de Stewart em troca de terras e de aulas de piano. Nestas aulas, Baines pacientemente vai conquistando Ada, suavemente a cada carícia ela ganha um "vale uma tecla" até que todas as teclas tenham sido trocadas por carícias... uau!! Eles descobrem o amor verdadeiro. Esta situação sai do controle, o marido descobre a traição e a tragédia está posta. O resto não vou contar!

Uma curiosidade sobre a a Nova Zelândia é que ela é famosa por suas leis sociais e pelo respeito aos direitos humanos. Foi o primeiro país de governo autônomo a dar às mulheres o direito ao voto (1893), e aos idosos o direito às pensões. Além de ter a primeira cidade do mundo - Nelson - a fixar em oito horas a carga horária diária de seus trabalhadores. Não sei se isso redime os colonizadores, mas deve ter havido muita luta de seu povo. Mas isso é oura história.

O Piano é um drama, de 1993, escrito e dirigido pela neozelandesa Jane Campion. O filme é considerado um dos expoentes do cinema da década de 1990. A música: Michael Nyman, "The heart asks the pleasure first" ou "O coração pede primeiro prazer" e è a que toca no vídeo. Linda!

27 de abr. de 2012

Ingrid Jonker: a poetisa africâner

Acabei de ler Tatiana Carlotti em "Oxigênio literário" e fiz o seguinte comentário em seu blog: 


"Não percebi o dia de sua postagem. Nesse momento, estou em 27 de abril de 2012. Acabei de assistir ao filme "Borboletas negras" e saí emocionada a buscar Ingrid Jonker. Tudo o mais que aconteceu-me, encontrei aqui, encerrando assim a minha tentativa de postar em meu blog suas poesias, a força dessa poetisa, a energia do filme, algo que não está publicado em canto algum... a não ser isso que se originou no 4° andar de algum canto paulistano, em data não identificada, por você. Apenas uma confirmação de que a vida se repete. Vou replicar você porque "tirou as palavras da minha boca". Obrigada Tatiana, bom saber das afinidades humanas..." (Ada)


Pois bem, para saber o que eu iria postar hoje, sobre o filme Borboletas negras que conta a história da poetisa Ingrid Jonkes convido à leitura de:
Ingrid Jonker: quero de presente! e dizer que também quero ganhar de presente!

Ingrid Jonker (1933 - 1965) vai para o rol das poetisas que se suicidaram...

Poetisas que não conseguiram viver

Documentário sobre Ingrid Jonker no youtube em 5 videos


http://youtu.be/IYWrarVKaFE (parte1)
http://youtu.be/LyfyfggLs5E (parte 2)
http://youtu.be/uqub40o3VmY (parte 3)
http://youtu.be/Z84uane4PK4 (parte 4)
http://youtu.be/4HCaC0AytLU (parte 5)

26 de abr. de 2012

Gatos de Franz Marc



Gato na almofada amarela (1910) Franz Marc
Tres Gatos (1913) Franz Marc
Dois Gatos Azul e Amarelo (1912) Franz Marc
Dois gatos no tapete vermelho (1913) Franz Marc
O tema das obras de Franz Marc são a força vital da natureza, o bem, a beleza e a verdade do animal que o autor não vê no homem. Marc sentia-se intimamente ligado aos animais e tentou representar o mundo tal como o animal o vê, mediante a simplificação formal e cromática das coisas. Marc não só queria pintar bichos, mas também queria representar os sentimentos dos animais.


Franz Marc (1880 - 1916), pintor alemão, foi um dos mais influentes representantes do movimento expressionista na Alemanha. Iniciou seus estudos na Academia de Belas Artes de Munique, em 1900, depois de passar pela filosofia e pela teologia. 

Suas primeiras criações foram de uma grande afinidade com a obra de Vincent Van Gogh. Gradativamente sua obra se aproxima do futurismo e do cubismo e para a crescente abstração, até culminar na abstração expressiva.


Ele fazia pinturas, aquarelas, guaches e esculturas. Algumas das suas obras foram feitas em xilogravura e também em litografia, e a maioria delas relatam animais em ambientes naturais. Usava muito as cores primárias e com muito brilho, o que dava um grande significado emocional às suas pinturas. Amarelo o feminino, azul o masculino...

Na Primeira Guerra Mundial, Franz Marc apresentou-se como voluntário. Em 1916, foi abatido por um canhão. Morreu aos 36 anos. A única pergunta que fica é como alguém tão sensível poder ter ido morrer em uma guerra?

Fonte:
Franz Marc em Munique
Wikipédia
Imagens na internet

Abstração Expressiva ou Expressionismo de Franz Marc:


25 de abr. de 2012

Miguel Sousa Tavares: De noite

“... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Excerto de 'De noite' - Miguel Sousa Tavares
em “Não te deixarei morrer David Crockett" (clique e faça download do livro)



***
Mais:
http://coisasdeada.blogspot.com.br/2012/04/miguel-sousa-tavares-nao-te-deixarei.html


24 de abr. de 2012

Gato de Marisela Cortés




Concierto de Violín para 8 
(2011) 
Acrílico sobre lienzo, 80 x 100 x 0 cm

"Somos 8 los Gatos que escuchamos el bellísimo concierto que ofrecen dos extraordinarias arañas, siempre haciendo compañía a su anfitrión, siempre silenciosas, han ensayado cotidianamente. Pon atención para escuchar?"





23 de abr. de 2012

Miguel Sousa Tavares: Não te deixarei morrer, David Crockett

"Um processo longo e difícil: primeiro parece fácil, é o coração que arrasta a cabeça, a vontade de ser feliz que cala as dúvidas e os medos. Mas depois é a cabeça que trava o coração, as pequenas coisas que parecem derrotar as grandes, um sufoco inexplicável que parece instalar-se onde dantes estava a intimidade. É preciso saber passar tudo isso e conseguir chegar mais além, onde a cumplicidade - de tudo, o mais difícil de atingir - os torna verdadeiramente amantes."

2001, Miguel Sousa Tavares, in Não te deixarei morrer, David Crockett.


***

O amor... ah o amor.. Eu não o consegui, mesmo sonhando com ele, sempre ...



***


Mais:
http://coisasdeada.blogspot.com.br/2012/04/miguel-sousa-tavares-de-noite.html

22 de abr. de 2012

Gato de Crislim

O GATO (03/2007) Acrilico s/ Tela, 40 x 50 x 2 cm
Crislim nasceu em Caldas da Rainha, Portugal. Completamente autodidata na descoberta da pintura. Sempre foi apaixonada pelas artes e o manuseamento dos vários materiais. O contato com a arte levou-a a tentar exteriorizar os seus sentimentos. Expõe em coletivas desde 2007.

http://davincigallery.net/art/artistPage.do?tab=artist&subtab=artist.list&username=crislim

Essa tela é sugestão de meu amigo de Blog Luis Alfredo: ele gosta do estilo Aldemir Martins e de Crislim.

21 de abr. de 2012

Tokuhiro Kawai ou 川 井 徳 寛; um surrealista que pinta gatos


Tokuhiro Kawai





De Gatos e outros bichos de Tokuhiro Kawai


Hoje conheci o Tokuhiro Kawai, um pintor que é considerado surrealista. Seus desenhos me lembraram de um tempo na escola em que uma professora colocava desenhos muito cheios de detalhes e nossa tarefa era escrever sobre aquela cena. Adorava essa aula. Os desenhos de Tokuhiro são assim, inspiradores a sonhar, imaginar, escrever histórias. Suas obras têm história de conto de fadas, muito mágicas, inclui romantismo, delicadeza e beleza. Surpreende e emociona com personagens coloridíssimos e imaginativos. 


Ele adora animais, demonstra carinho por eles através da técnica óleo sobre tela e tem um dom especial para pintá-los: são flamingos, corujas, raposas, pássaros diversos, tartarugas, coelhos, cavalos, pelicanos e gatos!

Os gatos são retratados imperiais, soberanos, sempre servidos por anjos e sempre poderosos. São reis usando uma coroa ou sendo cerimonialmente coroados. São auto-confiantes e demonstram altivez e personalidade. São retratados como conquistadores e deuses. Com grandes olhos brilhantes e pêlos sedosos, os gatos parecem ser o seu favorito. Em uma de suas pinturas há um gato no topo uma coluna clássica com sua caça agarrada, é um anjo, como fosse um pássaro.

Conhecendo a personalidade dos meus gatos acredito que a interpretação dele sobre a psicologia felina é perfeita!


(clique no slide para ver o álbum)


Tokuhiro Kawai, em 1971 nasceu em Tóquio. Em 1995 fez Bacharelado em Artes Plásticas, na Tokyo National University of Fine Arts and Music, Tóquio, Japão. 1997 : Master of Fine Arts, Tokyo National University of Fine Arts and Music, Tóquio, Japão e em 2008 participou da Feira de Arte de Tóquio.


Alguns pintores surrealistas, para servir de parâmetro sobre o estilo, são Frida Kahlo e Salvador Dali. Se quiser uma aulinha sobre surrealismo, assista aqui:

20 de abr. de 2012

Cecilia Meireles: De que são feitos os dias?


De que são feitos os dias?
De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.

Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inatuais esperanças.

De loucuras, de crime,
de pecados, de glórias,
do medo que encadeia todas essas mudanças.

Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces e em sinistras alianças.

Cecília Meireles.
in Canções.

19 de abr. de 2012

Na cidade amanhece - outono - a noite



Vento de outono golpeia
a cada esquina um rosto 
O meu, corado, já não pelo sol
fim de verão.

Arrepio de outono eriça 
cada pele a cada tarde. 
A cada braço um abraço forte.
Tarda já noite o sono 
o meu, não o das folhas 
tão mortas de sono, 
tão mortas de outono. 

Tudo vai ficando frio. 
Um cão enrolado em seu rabo 
atrapalha a passagem. 
Ninguém vê, ouve, crê. 

Na estação apita um trem,
sobe um vapor de café 
Envolvidos com aparelhos celulares 
ausentam-se de si.
Ninguém ri. 

Essa gente carregando agasalho 
que brota mofado da gaveta, 
do passado 
Meu cachecol de franja azul 
num céu azul de outono 
vai pendurado no pescoço. 

Na cidade amanhece a noite 
e anoitece a manhã 
Indefinida estação 
sem opinião 
ensolara e açoita 
até que finda e esbraveja.

Há friagem. 
Não fique outono! 
Só de passagem avisa que o inverno não perdoa!

(Ada 19/4/2012)



18 de abr. de 2012

13 de abr. de 2012

Negro Gato, em casa tem um!

Meu gato preto chama-se Victor Hugo, nome que ganhou pensando no currículo de Victor-Marie Hugo (Besançon, 26 de fevereiro de 1802 — Paris, 22 de maio de 1885) um novelista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos, um francês de grande atuação política em seu país. É autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras.

Isso mesmo, Victor Hugo, foi considerado um menino precoce, ainda jovem é que tornou-se escritor, tendo em 1817, aos 15 anos, sido premiado pela Academia francesa por um de seus poemas.

O meu Victor Hugo miava bem alto, ainda bem jovem, com três meses, seus protestos de fome e medo no meio do mato. Gritava seu poema de gato abandonado. Sempre foi altivo.. e amado.

Sexta-feira 13: Vê azar em gato preto e coruja?

9 de abr. de 2012

Rom-rom Terapia

Vejam só, o rom-rom do gatinho tem poderes!

Adotei seis gatos ronronantes e vivo me recuperando sempre dos efeitos estressantes da vida paulistana. Aliás, uma delícia ganhar o rom-rom de um gato, é na verdade, um presente!

"A rom-rom terapia: Esses gatos que nos curam"
por Veronique Aiache,
publicado pelo O Livro Courier

Adorados e perseguidos em diferentes épocas e lugares, vítimas históricas de preconceito, os gatos estão ganhando absolvição por meio de um papel inesperado: o de terapeutas. Em seu recém-lançado livro “La Ronron Thérapie”, a jornalista francesa Véronique Aiache explica, devidamente ancorada por trabalhos científicos, como o convívio com um bichano pode melhorar a vida das pessoas.

Uma pesquisa do veterinário francês Jean-Yves Gauchet, testou o poder do rom-rom emitido pelos gatos quando estão em repouso em 250 voluntários, submetidos a uma gravação de 30 minutos do ruído do seu gato Rouky. Ao fim do estudo, os participantes declararam sentir mais bem-estar, serenidade e uma facilidade maior para dormir.

Os tratamentos terapêuticos envolvendo animais começaram a ser desenvolvidos no Brasil no começo da década de 50, pela psiquiatra Nise da Silveira. O tratamento foi uma alternativa com resultados palpáveis às terapêuticas agressivas, como lobotomia e eletrochoque. “Com o gato ronronando no colo, por exemplo, a pessoa desacelera, pois ocorre a mudança de frequência das ondas cerebrais do estado de alerta para o relaxamento”, diz Hannelore Fuchs, doutora em psicologia e especialista na relação do ser humano com o animal. Acrescente-se aí, o afago no pelo macio do gato, uma sensação tranquilizante...

Faz sentido. A frequência do rom-rom é entre 25 e 50 hertz, a mesma utilizada na medicina esportiva para acelerar cicatrizações e recuperar lesões.

No ano passado, a gigante de tecnologia Apple lançou em parceria com o veterinário Gauchet um aplicativo para iPhone que usa o rom-rom para amenizar os efeitos que a diferença de fuso horário em viagens provoca.

Um estudo de 2008 da Universidade de Minesota, nos Estados Unidos, mostrou que um bichano em casa reduz em até 30% o risco de ataque cardíaco, por ajudar a relaxar e aliviar o stress.

O mecanismo do ronronado ainda não é conhecido e a sua utilidade para o gato não é bem explicada. No estado ronronante, assim como no sono, pode ser reparador para o corpo do gato. De fato, uma hipótese sugere que o zunir do zangão, cuja freqüência é entre 25 e 30 Hz, pode ter um poder de cura e até mesmo o alívio da dor nos ossos, tendões e músculo. acredita-se que o ronronado também é muito benéfico para os seres humanos, incluindo o efeito relaxante.

É um poderoso anti-stress, regulador da pressão arterial, e das defesas imunológicas . O rom-rom tem efeito terapêutico. Os japoneses apreenderam esta idéia, abrindo e com muito sucesso em Tóquio, os "gato-bares”! Essa novidade se explica: o gato é considerado pelos japoneses um talismã, símbolo de sorte e proteção, e quem não tem um em casa vai pro bar pra receber as boas energias.

Links da Web:


5 de abr. de 2012

Oswald de Andrade: Chove chuva choverando

Chove chuva choverando
que a cidade de meu bem
está-se toda se lavando

Senhor
que eu não fique nunca
como esse velho inglês
aí ao lado
que dorme numa cadeira
à espera de visitas que não vêm

Chove chuva choverando
que o jardim de meu bem
está-se todo se enfeitando
A chuva cai
cai de bruços

A magnólia abre o pára-chuva
pára-sol da cidade
de Mário de Andrade
A chuva cai
escorre das goteiras do domingo

Chove chuva choverando
que a cidade de meu bem
está-se toda se molhando

Anoitece sobre os jardins
Jardim da Luz
Jardim da Praça da República
Jardim das platibandas

Noite
Noite de hotel
Chove chuva choverando

José Oswald Sousa de Andrade (São Paulo, 11 de janeiro de 1890 - São Paulo, 22 de outubro de 1954), Escritor, ensaísta e dramaturgo brasileiro. Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna que ocorreu 1922 em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro. Foi considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo, sendo o mais inovador entre estes.

4 de abr. de 2012

Israel IZ Kamakawiwo'ole



Israel IZ Kamakawiwo'ole
no youtube: http://youtu.be/V1bFr2SWP1I


Hoje, na aula de hidro, o relaxamento teve como fundo musical "Somewhere Over the Rainbow". Já tinha ouvido essa canção dezenas de vezes, pois foi gravada por todos os cantores possíveis e imagináveis... mas nunca prestei a devida atenção.


Acho que o momento foi feliz, na água morna da piscina, deitada numa bóia e olhando o teto alto e iluminado pela luz do sol da manhã, e a música em ecos pelas paredes da academia tocou meu coração... me fez pensar num arco-iris e relaxar.


Israel, a voz mais macia que já ouvi, nasceu em Honolulu, 20 de Maio de 1959 e foi um cantor muito popular no Havaí


Era famoso em sua terra natal não só pela música ,mas pelas suas raízes. Era descendente de uma linhagem pura de nativos havaianos. Nunca ocultou a sua posição a favor da independência do Havaí e de defesa dos direitos do povo havaiano.


"Somewhere Over the Rainbow", do filme O Mágico de Oz, interpretado por Israel, nos dá prazer não só pela suavidade com que canta, mas pelo seu ukulele, o que rapidamente tornou-o um êxito mundial e que lhe rendeu vários prêmios.


Ao longo da sua carreira musical, Israel teve muitos problemas de saúde relacionados com o seu peso excessivo - 343 kg num corpo de 1,88 m - e em 1997 com apenas 38 anos, faleceu devido a problemas respiratórios causados pela obesidade mórbida. Que perda!


Mais de 10 mil pessoas compareceram ao seu funeral e suas cinzas foram espalhadas pelo Oceano Pacífico na praia em M'kua dia 12 de julho de 1997, como mostra o vídeo.


É incrível como acontecem milhares de coisas paralelamente às nossas vidinhas que escorrem simples pelaí, que passam despercebidas, que não temos oportunidade de saber, que não pudemos viver...


O lado bom é que algumas dessas coisas ficam na história, para mais à frente vislumbrarmos...


Prazer em conhecê-lo Israel!


O site Oficial :
http://www.izhawaii.com/download/


Outra dica é a fantástica e diferente interpretação de Eva Cassidy. Recomendo.

3 de abr. de 2012

O valioso tempo dos maduros



O valioso tempo dos maduros
(Mário Coelho Pinto de Andrad )
(1928/1990), poeta, ensaísta e escritor angolano

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. 
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.


Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. "As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos". Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…


Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade… Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!

***
Obrigada Liège, amiga de tantos anos, pela mensagem. Retribuo com mais cerejas, muitas cerejas!... http://cerejafrutavermelha.blogspot.com.br/

1 de abr. de 2012

Os Gatinhos de Aldemir Martins


Aldemir Martins, um cearense que nasceu com o dom.
Aldemir desenhava com facilidade e gosto, sobre qualquer superfície que achasse pela frente, desenhava compulsivamente, era como ele gostava.

Os Gatos são uma das marcas do pintor, um mais lindo que o outro, todos apaixonantemente coloridos.

Mas ele se tornou famoso no Brasil e no exterior, também por trabalhos com galos, pássaros, mulheres, flores, frutas e o Nordeste. De uma viagem na carroceria de um caminhão, ao lado de retirantes, surgiu sua primeira série de desenhos, com "paus-de-arara", rendeiras e cangaceiros.

Seus desenhos, para mim muito delicados, sempre retrataram o Brasil, seu povo, sua gente. Um dos artistas mais importantes do século XX, um artista brasileiro e não apenas nordestino. Pintor, gravador, desenhista e ilustrador cearense encontrou nas formas e nas cores nacionais a fonte de inspiração para mostrar o Brasil ao mundo.


Aldemir nasceu em 8 de novembro de 1922 no interior do Ceará, Distrito de Ingazeira, em Aurora, no vale do Cariri. Saiu de lá em 1945 para ir morar no Rio de Janeiro, mas logo no ano seguinte mudou-se para São Paulo, onde se fixou de vez.

Ganhou o prêmio de melhor desenhista na Bienal de Veneza de 1956, além das centenas de prêmios nacionais, de salões de arte e bienais de São Paulo.

Foram 60 anos de carreira artística premiada e reconhecida e não deve ser rotulado como "comercial" - como afirmam algumas pessoas - apenas porque seu desenho vendeu produtos. Aldemir gostava de ver sua arte acessível ao grande público. Para ele, o artista tinha que ter como meta aproximar as pessoas da arte.

Foi um defensor da ilustração como um meio da arte poder alcançar o público. Ilustrou mais de 20 livros, entre os quais "Pastores da Noite" de Jorge Amado e "Os Sertões" de Euclides da Cunha, "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, e "Pasárgada", de Manuel Bandeira.

Divulgou sua arte em embalagens e objetos industriais como pratos, lençóis, latas de sorvete, para alcançar aqueles que não frequentam museus e galerias. Seus gatos, galos, peixes, cangaceiros, e rendeiras circulavam livremente em papéis de carta, copos de requeijão, caixas de charuto, embalagens de sabonete e de sorvete e mais recentemente em embalagens de pizza.

A partir de 1967, com a invenção da tinta acrílica, passa a pintar telas coloridas, que se tornaram sua marca registrada.

Suas telas não dobraram de preço depois de sua morte e valem muito menos do que qualquer artista contemporâneo, como Iran do Espírito Santo e Vik Muniz. Os gatos tiveram uma maior aceitação do público, mas não da crítica de arte que avalia seus melhores trabalhos os cangaceiros, os temas nordestinos e os galos.

“Aldemir Martins é um homem cultíssimo. Como dizem em certas regiões do interior do Brasil: é um poço de sabedoria." Essas são as primeiras palavras da obra Aldemir Martins - No Lápis da Vida Não Tem Borracha (1999).

Na pintura ou na cerâmica, na gravura ou na joalheria, passando pela ilustração, desenho e escultura, expressou-se com liberdade, sem as restrições do preconceito. A transgressão torna-se uma marca registrada.

A trajetória de artista premiado é marcada pelo prêmio de melhor desenhista da Bienal de São Paulo de 1955. No ano seguinte, consagrou-se ao ser escolhido para receber o prêmio de melhor desenho na Bienal de Veneza de 1956.

Era o reconhecimento de um talento descoberto nos tempos escolares, tendo exercido, no período colegial, a função de orientador artístico da classe". No serviço militar (1941 a 1945) foi promovido a "Cabo Pintor", prêmio a quem vencesse o concurso de pintura de viaturas da corporação.

Filho de um modesto funcionário público e de uma dona de casa descendente dos índios tapuias, Aldemir Martins teve uma infância pobre e o Exército seria uma das poucas oportunidades possíveis de inclusão social, como observou o crítico paulistano Jacob Klintowitz em seu livro “Aldemir Martins, o Viajante Amigo”.

Quando deixou o serviço militar ele já frequentava a cena das artes plásticas de Fortaleza. Antes de pegar o “último pau de arara” para o sul maravilha ajudou a criar o Grupo ARTYS e a Sociedade Cearense de Artistas Plásticos junto com outros artistas como Mário Barata, Antonio Bandeira e João Siqueira e outros.

Além de participar de um sem número de exposições no Brasil e no exterior, foi condecorado pelo governo brasileiro com a Ordem do Rio Branco, em grau de Cavaleiro. Suas obras estão expostas em museus e coleções privadas na França, Suíça, Itália, Alemanha, Polônia, México, Argentina, Uruguai, Peru, Estados Unidos, Chile e, claro, no Brasil.

Ele passou seus últimos cinco anos com a saúde muito debilitada por uma arritimia cardíaca.

Aldemir morreu no dia 5 de fevereiro de 2006, aos 83 anos, vítima de enfarto, no bairro do Ibirapuera onde residia em São Paulo.



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Um dos meus prediletos