Anka Zhuravleva - Pierrot (2010) |
Hoje é um daqueles dias inúteis. Não sei quantos destes vivi e, se somadas estas horas melancólicas, terei, decerto, um volume significativo de inutilidades. Não importa, mesmo assim eles transbordam. Pois esse tempo vivido nessa maresia, conta mais pela qualidade dos sentimentos, do que pela quantidade. Acompanham-me o frio, a garoa, a neblina. Não a atmosférica, mas da alma. Meus antepassados devem ter me legado seus genes sofridos, sobreviventes da neve gélida, das terras sem sol. Só pode! Me torno invisível no meio da multidão. Venho flutuando sobre milhares de milhões incontáveis de bolinhas em relevo da borracha preta que forra o chão do metro paulistano. Mergulho nas diversas texturas da escada rolante, em frisos pratas, em fios pretos do corrimão, em faixas azuis que norteiam os cegos, em listras amarelas que te impedem de se atirar aos trilhos. Os ruídos se tornam moucos, nem os passos de centenas de pés que cruzam meus olhos cabisbaixos fazem alguma diferença. São sons monótonos que atrapalham meu monólogo. Nessa invisibilidade sonolenta, com um livro debaixo do braço, me evaporo e percebo a preguiça que dá pensar na vida, em dias assim, inúteis. (Ada, 30/9/2009)
2 comentários:
Inúteis ??? Será ??? Desde quando pensar em si, filosofar sobre tudo ou nada, com um bom livro de companhia é inutilidade ? Quem nos formou essa ideia de utilidade também formou a de produtividade. E é tão bom o nada fazer. O nada fazer é tão intensamente necessário para a saúde de nossa mente...
Ando aqui ocupada com check ups, descobrindo que a idade cobra em forma de um pequeno desajuste aqui e ali. Coisa pouca, mas para descobrir custa horas entre médicos e laboratórios. Mas sobra tempo para as petições e para visitar os amigos, embora nem sempre comente.
Bjos
Elenara
^^
Olha tá de cara nova!!! Adoreiii o novo lay!!! xDDD E eu tenho estado exatamente nesses dias inúteis sabe... É fogo!
x]]~~
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