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13 de out. de 2017

Mario Quintana: perdoado

Naquele dia, 
fazia um azul tão límpido, 
meu Deus, 
que eu me sentia perdoado para sempre. 
Nem sei de quê.

(Mario Quintana)

25 de mai. de 2017

Mario Quintana: Barcos de papel



Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti esta tristeza
Mas das mudanças do tempo.
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Mario Quintana. Antologia Poética.

12 de jan. de 2017

Maro Quintana: Quem faz um poema


Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
- para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.

(Mario Quintana)

17 de dez. de 2016

Mario Quintana: No fim

No fim tu hás de ver 
que as coisas mais leves 
são as únicas que o vento 
não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
O folhear de um livro de poemas
O cheiro que tinha um dia 
o próprio vento...
Mario Quintana

Pelo menos meu dezembro de 2016 tá perfeito como Quintana!

31 de mar. de 2014

Mario Quintana: Canção para uma valsa lenta



















Canção para uma valsa lenta
(Mario Quintana)


Minha vida não foi um romance…
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amas, não digas, que morro
De surpresa… de encanto… de medo…

Minha vida não foi um romance,
Minha vida passou por passar.
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.

Minha vida não foi um romance…
Pobre vida… passou sem enredo…
Glória a ti que me enches a vida
De surpresa, de encanto, de medo!

Minha vida não foi um romance…
Ai de mim… Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso… de um gesto… um olhar…

Mario Quintana - (In, “Canções”, segundo livro de Mario Quintana, Ed. Globo e “Melhores Poemas de Mario Quintana, Global Editora” – conferi pessoalmente o texto em Poesia Completa – Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005. p. 156)

24 de jul. de 2013

Mario Quintana: Ah! Os relógios!

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios…

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida – a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os anjos entreolham-se espantados
quando alguém – ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são…

(poema do livro A Cor do Invisível. 2a. edição. São Paulo: Globo, 2005. p.96.)

1 de jul. de 2013

Mario Quintana: Se o poeta falar num gato


Se o poeta falar num gato



Se o poeta falar num gato, numa flor,
num vento que anda por descampados e desvios
e nunca chegou à cidade…
se falar numa esquina mal e mal iluminada…
numa antiga sacada… num jogo de dominó…
se falar naqueles obedientes soldadinhos de chumbo que morriam de verdade…
se falar na mão decepada no meio de uma escada
de caracol…
Se não falar em nada
e disser simplesmente tralalá… Que importa?
Todos os poemas são de amor!

(Mario Quintana)


27 de dez. de 2012

Mário Quintana: Esperança


Mário Quintana: Esperança


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


Texto extraído do livro "Nova Antologia Poética", 1998

8 de fev. de 2011

Mario Quintana: Os poemas [são pássaros]


Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
 

Fonte:
QUINTANA, Mário. Esconderijos do tempo. Porto Alegre: L&PM,1980.

Mario Quintana

Mário Quintana, poeta gaúcho nascido em Alegrete, em 30 de julho de 1906, e morreu em 5 de maio de 1994, em Porto Alegre. Trabalhou em vários jornais gaúchos. Traduziu Proust, Conrad, Balzac, e outros autores de importância. Em 1940, lançou a Rua dos Cataventos, seu Primeiro livro de poesias. Ao que seguiram Canções (1946), Sapato Florido (1948), O aprendiz de Feiticeiro (1950), Espelho Mágico (1951), Quintanares (1976), Apontamentos de História Sobrenatural (1976), A Vaca eo Hipogrifo (1977), Prosa e Verso (1978), Baú de Espantos (1986), Preparativos de Viagem (1987), além de varias antologias. 

26 de dez. de 2010

Feliz 2011


Mário Quintana: Esperança

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Texto extraído do livro "Nova Antologia Poética"

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Caros amigos,


Desejo um 2011 maravilhoso para todos nós. O Brasil tem tudo e não tá prosa para nos oferecer um belo futuro! Espero poder compartilhar muita noticia boa e de prosperidade, ano que vem. Volto das férias dia 18/1 e estarei sem internet nesse ínterim. 2011 beijos!