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12 de out. de 2017

Caleidoscópio

Coisas da minha amiga Jenny
(29/4/1928 * 16/6/2012)

CALEIDOSCóPIO


"Oi Ada, tenho uma revista Sorria da Editora Mol, de maio/junho de 2008, lá se encontra como fazer um Caleidoscópio, quando criança brincava muito com esse canudo, e lá via imagens feitas de pedaços de vidro coloridos, e que beleza, você conheceu? Se eu tivesse pessoas para me ajudar, montaria uma fabriqueta. Jenny . (13/10/2011)
Para esse dia das crianças teria coisa melhor do que fazer um caleidoscopio e ver o mundo mais bonito e colorido?
QUER FAZER UM?



16 de jun. de 2012

Adeus, Jenny Scavinsky. Suas cartas serão meu consolo


No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo,
um carinho no momento preciso,
o folhear de um livro de poemas,
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...

(Mario Quintana)

Aos prantos, digo: ADEUS JENNY!

Faleceu hoje, 16 de junho de 2012, neste sábado de sol, em São Paulo, às 11h30 da manhã, minha eterna e amada amiga Jenny Scavinsky. Aos 84 anos, de embolia pulmonar, no hospital onde estava internada. Tomou seu banho sozinha, fez seu desjejum e pouco depois sua respiração piorou... teve duas paradas cardíacas, e não voltou mais. Será sepultada no cemitério da Vila Rio em Guarulhos.

O que me consola? Reler as cartas de minha amiga Jenny e sentir de novo todo o carinho que sempre recebi dela, toda a atenção que ela sempre me deu, mesmo distantes fisicamente éramos muito unidas pelas trocas de palavras escritas durante quase dois anos, e que agora estão me fazendo chorar... As cartas falam por sí a pessoa especial que era Jenny. Encontrei várias delas não publicadas. E como que para receber seu último abraço, começo com a última carta e com todas as outras que não compartilhei:

Hoje fui esperançosa ao Incor e pensei encontrar boas notícias, me enganei, então estou me sentindo um Jaboti, espero encontrar um buraco e esconder minha cabeça lá, amanhã será outro dia. Beto ficou chateado pois do meu problema do coração não falaram nada e sim do diabetes, que está alto. Então vou dormir esperando outro amanhecer. Jenny. (4/5/2012)

Oi amiga! Cá eu de molho, medicamentos fortes para sacudir esse meu velho coração, estou deprimida. E meu cunhado Roberto foi para Fortaleza receber quimioterapia, enfrentar o câncer devido o cigarro que fumou durante muitos anos e agora está lhe minando o pulmão. Esse meu cunhado tem o mesmo temperamento meu, brigamos muito, mas sempre estamos juntos para o que der e vier pobre Roberto! Quando fui para o Ceará ele foi morar com a gente, considero-o um filho, o meu segundo. Despeço-me com saudades, neste dia tão friinho aqui na Vila Ré, Jenny. (19/4/2012)

Querida Ada, acho que você não tem ideia do que é sofrer de insuficiência cardíaca, não?  Só estou vendo os emails porque estou à espera de um comunicado importante. Jenny (6/4/2012)

Querida Ada, obrigada por lembrar-se dessa música tão linda e que marcou a minha vida no passado [falou da canção do filme O mágico de Oz.], também eu tenho esperança de que saio dessa, como muitos casos no meu passado, aquele que rege minha vida deverá estar por perto. Até amanhã querida amiga, Jenny. (4/4/2012) 

Oi Eliana! Quanto tempo não? Estou com insuficiência cardíaca. É de amargar, apareceram coisas nas pernas, me impede de andar, levantar, etc.. Amanhã vou fazer exame no Incor E daqui a um mês que saberei o que devo tomar como medicamento. Um abraço Jenny.  (3/4/2012)

Querida Eliana! À noite conversando com Beto e Eliane, falando sobre a família Alencar, recordando meu passado no Juazeiro do Norte, Ceará, resolvi escrever e descrever o que passei por lá desde o Natal de 1963. As minhas idas e vindas, desde que me casei com um Alencar minha vida foi de inconstâncias. Ora por cima, ora por baixo. Por cima era quando estávamos em São Paulo... Aguarde-me, beijos, Jenny (11/3/2012)

Oi querida! Eu aqui numa linda casa, porém ainda toda desarrumada. Eu e Beto não tivemos tempo ainda nem para piscar o olho. Minha cachorrinha já está se acostumando, o papagaio também. Beto vai mandar fazer uma rampa para eu poder descer para a garagem, lavanderia e edícula. Estou com problema no pulmão, estou fazendo inalação.  Eliana há tanta luz nesta casa que você nem queira imaginar, devido ao liquido que tenho na vista direita, preciso usar óculos dentro de casa, é uma maravilha. Já contratamos uma faxineira, é uma senhora idosa, bem esperta, cuida também de passar roupa. Na rua que moramos estão pintando duas casas, parece um pouco menor que a nossa. Logo queremos que você e sua mãe venham tomar um café com a gente. Eu queria lhe mandar uma saudação no dia da mulher, mas meu computador ainda não estava recebendo ou enviando mensagens. Te amo muito. Jenny. (9/3/2012)

Querida Ada, adorei as imagens da festa do Dragão, principalmente de sua mãe. Jenny. (23/1/2012)

Acabei de ver pela TV Globo o programa do Hulk apresentando o Clube do Vira Lata e ele se prontificou a ajudar. São cachorros sem raça definida, encontrados nas ruas, pessoas que telefonam avisando de cães que estão sendo maltratados, etc., e que a turma vai buscá-los e encaminham para os veterinários e lá são cuidados. Maravilha! E mostrou pessoas vindo adotar... Tem um Pitbul que foi ferido pelo ex-dono,  está cego de um olho, o outro consegue ver alguma coisa, e esse dono também quebrou as duas patas da frente, agora está recuperado, porém, não tem confiança nas pessoas... Não poderá ser adotado. Barbaridade! Que mundo a gente vive... Jenny (21/1/2012)

Oi Eliana! Tudo bem? Por aqui vamos indo. Beto já melhorou do Dengue, eu da Cistite, minha cachorrinha entrou no cio, e é um Deus nos acuda, porque ela fica estressada e cheia de dengo. Meu papagaio ganhou uma nova "casa" e está todo pabo. Estamos correndo contra o tempo, passamos o dia de ontem procurando casa nas imediações da Penha, quero ficar perto da minha norinha a Eliane. Vimos umas cinco casas, não aprovamos nenhuma, por diversos motivos, temos conhecimento de várias imobiliárias, em uma delas encontramos uma espécie de apartamento, muito bom, só que tem escadas com 18 degraus, e para subir é um auê. Segunda feira que vem continuaremos a busca... Temos apenas uma semana para encontrar, fazer mudança e mudar de vida para melhor... Um beijão da amiga Jenny. (21/1/2012)

Querida Eliana, ontem fomos à São Paulo procurando casa. Foi um Deus nos acuda, foi o dia inteiro, viemos de volta para Atibaia em baixo de temporal... Encontramos uma que se tudo der certo, será uma beleza! Vamos ver, tem que dar certo, temos de arranjar fiador. Assim que eu estiver mais calma e com tempo, volto a lhe procurar, beijos Jenny.  Esqueci-me de lhe contar que a casa fica perto da Penha... Jenny (8/1/2012)

Feliz Ano Novo minha querida, hoje vou para São Paulo e volto só no Ano que vem.  Jenny 30/12/2012.

Ada, se me perguntarem o que eu gostaria de ganhar de presente, pediria saúde e paz de espírito, penso que são as duas coisas que mais necessitamos.  Então minha eterna amiga, é isso que eu desejo para você, Feliz Natal e um próspero ano Novo. Jenny (19/12/2012)

Querida Ada, que diferença do ano passado, segunda feira passada fui à consulta junto com Beto e o Dr. Jonas me passou tanto pito e Beto também, porque a glicose está alta: 190. Fiquei tão triste que passei a tarde chorando e depressiva, agora já passou. A Silvana do café Donuts passou a tarde comigo na terça feira conversamos e cheguei a rir... Vimos um bocado de casas para alugar pela internet, a única coisa chata é pedir para a minha família ser fiador. Ao ler uma noticia de um gatinho que vai ser adotado, fiquei sabendo que gato vive até 20 anos, que bom! Um beijo e saudades. Jenny (14/12/2012)

Oi! Tudo bem? Ontem acordei após três seções de terapia, ou melhor, fisioterapia para os músculos da perna (cochas), fui para o Café Donuts, e lá matei a saudades dos meus amigos, e eu estava tão deprê que nem queria falar, o que gastamos em Real este mês não foi brincadeira, tomografia cerebral com contraste, exame completo de sangue, a fisioterapia caríssima, e ainda pagar a consulta ao medico Dr. Jonas Moreno, do hospital Sabin, aqui de Atibaia, logo vou ter de fazer a quarta cirurgia do olho direito, é tal de Vitectromia (não sei se escrevi o nome certo), vai custar o olho da cara... Estou com saudades de você, soube pela internet que você mudou de casa, e está feliz, junto com teus bichinhos. Quem me dera ter uma casa com quintal de terra, imagina eu que nasci numa casa com um quintal enorme e lá eu era a rainha. Que saudades, foi aonde eu aprendi a cavalgar e brincar de Jane e o Tarzan, no fundo do meu quintal tinha um sumidouro, lá as vezes caia um burro ou um cavalo e era preciso ir até a prefeitura buscar ajuda para retirar o infeliz animal... Eu e Beto estamos procurando casa para alugar em São Paulo, tem o problema de fiador, mas como tenho parentes que tem imóveis não vai ser difícil, espero.  Estou meio desanimada para ir à festa do partido, não sei por que, ou melhor, eu sei e se for lá eu te contarei o porque... Meu papagaio vai bem, completou quatro anos de vida, cheio de manias, apressado, impaciente e mandão... A minha cachorrinha, seis anos, já está com o focinho branco, e sem vergonha, quando a gente sai ela faz xixi dentro de casa, imagine! Dizem que é de raiva porque a gente sai e não a leva junto... Abraços, Jenny. (9/12/2012)

Tive neste momento o desprazer de ver pela TV Globo, o padre Marcelo que denegriu nossos gatinhos, tomara que ele arda no mármore do inferno como dizem os árabes. E um monte de bobocas estão babando no auditório, é por isso que o mundo está uma merreca. Jenny. (15/12/2012)

Sabe Ada eu sei fazer tricô e crochê, então lembrei-me que minha mãe me deu ideias de fazer coisas de tricô quentes para suportar o frio, fiz galochas para usar em cima ou embaixo de calças compridas, fiz também protetores de mãos, alem de luvas, só que agora temos a indústria que lota as lojas com esses objetos, estou precisando ganhar um dinheirinho para ajudar nas despesas de casa.  Jenny (13/10/2011)

Oi Ada, tenho uma revista Sorria da Editora Mol, de maio/junho de 2008, lá se encontra como fazer um Caleidoscópio, quando criança brincava muito com esse canudo, e lá via imagens feitas de pedaços de vidro coloridos, e que beleza, você conheceu?  Se eu tivesse  pessoas para me ajudar, montaria uma fabriqueta.  Jenny . (13/10/2011)

Oi Ada, gato e cachorro têm alma? Disse um humano que não tem, mas como ele pode provar que bicho não tem alma?  Muitos anos atrás quando meu cunhado Osório estava no pronto socorro, e apenas seu coração batia, Beto me perguntou, porque a gente vem para o mundo, e para onde vai nossas almas? Eu não soube responder, e até hoje vejo coisas e ouço coisas como aquela noticia da sua amiga que viu dois cachorros matarem um gatinho, quem pode evitar? Não é o ser humano?... Jenny (13/10/2011)

Sua gata Docinho é um doce, francamente, me enche os olhos de alegria. Ah, se Betinho não se opusesse tanto contra, eu arranjaria um Docinho para mim. Jenny (6/10/2011)

Puxa vida! Que saudades, quando vi esse vídeo parece que estou vendo AliKan e Xirico em 1953, na casa em que morávamos na Rua Mato Grosso, atrás do cemitério da Consolação... Jenny (5/10/2011)

Adorei, vi, e ouvi essa turma do coral russo ha muito anos atrás, quando aqui estiveram na capital paulista, chegaram até a cantar o Hino Nacional Brasileiro, em português, foi um espetáculo, não esqueço jamais, eu estava junto com o Humberto velho, me deu uma melancolia danada... Beijos, Jenny. (http://www.youtube.com/watch_popup?v=P9605V_A6NY)

Oi! Minha amiga tudo bem? Por aqui vou indo com novidades, neste semana recebi instruções para mudar meu jeito de comer, a nutricionista do Incor achou de pegar no meu pé, paciência, se é para melhorar vamos lá... Saudades, Jenny (18/9/2011)

Minha querida Eliana, como vai? Estou com  muitas saudades, aonde você anda? Sexta dia 2 passado fui para o Incor fazer exame de sangue, o médico pelo computador viu minhas mazelas e disse que vai tudo bem, diminuiu alguns medicamentos, o que dei graças, pois parecia uma aidética, tomava uns 20 e tantos comprimidos por dia. Menina, Atibaia está o luxo, festa do Morango e das flores que dura um mês, vem turista do mundo inteiro, pena que não tenho ninguém para me acompanhar, pois Beto está em campeonato de futebol de mesa, e também ocupado com Eliane, outra coisa boa é que estou com as pernas mais fortes... Beto parou de procurar casa em Sampa.  Estou providenciando dentadura nova. Puxa, como é caro! Conheci uma pessoa que quer comprar um papagaio cinza africano, menina quanta gente que cria esse pássaro para vender, e é caro. Um beijão e até outro dia. Jenny 4/9/2011

Oi Eliana! Apesar do dia lindo e quente, está um domingo enfadonho, e-mails que enviei para o Ceará, telefone para meu cunhado Roberto, ele me falou q/ parece que está com o mesmo tipo de câncer que o ator Gianequini tem, vai precisar fazer biopsia, depois quando tiver o resultado me comunicará. Está feliz da vida com dois cachorras poodle pretas, muito alegres e carinhosas. Que a saúde invada a sua vida. Jenny (14/8/2011)

Querida Eliana, sua mensagem também me fez sonhar e me emocionar muito. Em 1969, fomos morar pela segunda vez na Rua Martins Fontes. Havíamos chegado do Ceará, tudo para mim era mágico, compramos o Disco dos Beatles, Submarino Amarelo. Humberto era uma coisa bonita de se ver, elegante, e muito carinhoso, Betinho com sete anos apenas, e eu uma coroa enxuta.  Foi época de muita preocupação para nós, Humberto velho com seus ideais comunistas. O estrondo às 7h00 da manhã perto da lanchonete Pink, na Rua da Consolação e mais tarde soubemos que os ocupantes de um fusquinha  morreram, quando ouvi a música quase chorei. Como posso arranjar essa gravação? Jenny. (14/8/2011) http://coisasdeada.blogspot.com.br/2011/08/perdidos-na-noite.html

Querida Eliana! Bom dia! Eu reli a historia -  ou estória  - do pintinho amarelo, prefiro a minha do Timtim, pois é menos fúnebre e dá mais alento. Timtim teve sorte chegou até cantar, proclamando sua maioridade. Ele chegou a morar num belo apartamento lá na Martins Fontes, nos idos de 1971... Beijos, Jenny. (12/8/2011)

Oi Eliana, esqueci-me de comentar que meu ex adora músicas italianas. E os Sonhos de valsa remontam ao meu primeiro baile quando eu terminei o colegial. Que tempos, aqueles, verdadeira quimera.  Jenny. (7/8/2011)

Querida Eliana, como vai? Eu vou indo capengado depois de uma sinusite e bronquite, e muco nos pulmões, mais, eu não quero, chega para mim, depois que fui ao Incor e a Dr. Kim me passou um monte de medicamentos que até me atrapalho para tomar, mesmo Beto tendo feito o horário, ao fazer inalação com remédios perigosos, que após a dita inalação me acordo no dia seguinte como se tivesse tido uma enorme farra na noite anterior. Eliana eu quero que você me diga como devo fazer para lhe dar o voto (Top Blog) no seu blog, me explique. Beijos saudosos, (olha já decidimos vamos voltar para S.Paulo, procurar  casa na Mooca, Tatuapé etc.) Jenny. (6/8/2011)

Querida Ada! Ontem sábado passei das 5h00 da tarde até as 11h00 da noite no pronto socorro da Santa Casa aqui em Atibaia, meu mal? Bronquite e cistite, já fui medicada, agora e fazer o tratamento, ontem eu Beto pensamos seriamente em voltar para São Paulo a despesa aqui em Atibaia está muito alta. Beijos Jenny (25/7/2011)

Oi Eliana! Tudo bem? Eu recebi alta, estou com visão nova! Dr. Shimoda ficou admirado, a recuperação foi rápida, agora só falta operar a vista direita para tirar o liquido, e vamos ver no que dá, logo voltarei a escrever a Saga dos Schawinsky. Bjs Jenny

Tarde temperada, o calor apareceu de mansinho, minha casa uma geladeira, sem defeito... cruz credo! Só de pensar me arrepio.  SP mais quente que Atibaia, entre risos, muitas falas, parada para comer milho verde com manteiga. Curiosidade estampada na fisionomia dos outros motoristas ao ver nosso chinesinho o Lifan, sucesso, rio muito. Chegamos à casa de Eliane, chega o menino dela vindo da casa do pai, ele está morando numa casa nova em Cotia, Vinicius está entusiasmado, disse que seu pai arranjou dois gatinhos, um casal, agora vai arrumar cachorros, disse à ele adotar, ir em S.Paulo no deposito da prefeitura e lá procurar cachorros, tem para todos os gostos. Querida uma boa noite e um bom começo de semana. Jenny  

Querida Eliana! Estou contente, meu olho está ficando muito bom, só o rosto envelheceu, deve ter sido a anestesia, mas a gente não pode ter tudo, não é?, Quem sabe, talvez daqui um mês eu recupere. Beijei a mão do Dr. Gilberto Shimoda, eu fui para a mesa de cirurgia dentro de uma UTI, vários estudantes de oftalmologia estavam lá para aprender e a minha catarata era muito velha e eu já tenho 82 primaveras e má circulação, engraçado que todos os atendentes na sala de cirurgia são descendentes de japoneses.  A clinica é bem equipada com os aparelhos de última geração, eles trabalham tambem pelo SUS e convênios. Se um dia você precisar de um oftalmologista venha para cá. Um beijo Jenny 19/6/2011

Oi querida! É madrugada, revendo seu blog encontre ali algo a respeito de doença de gato a Toxoplasmose. Eu ganhei uma gatinha nos idos de 1974, ela não tinha cílios, e vivia com os olhinhos cheio de remela, eu colocava colírio e não adiantava vez ou outra ela gripava, e lá ia com ela para o Veterinário, seu consultório era na Cardoso de Almeida, Perdizes, passado tempo, ele me disse que ia fazer um exame com ela, pois, achava que tinha Toxoplasmose, e dito e feito, foi confirmado, até hoje guardo a receita, um comprimido cortado no meio, e dado com espaço, não me quantos dias, essa gata fazia parte de nossa vida, era muito amada, curou-se, mas ficou debilitada, morreu com 11 anos de vida, choramos e na ocasião não quis mais gatos. Meu Deus que saudades, ela chamava Bizunga (Colibri)... (7/6/2011)

Oi amiga! Hoje é sábado, acordei e estou viva, e ora vivas!... Sonhei que estava numa cidade nunca vista, eu enxergava muito bem, estava envolvida por pessoas desconhecidas, a maioria idosos, me vejo tomando sorvete e um idoso ao meu lado comendo morango... Penso que deve ser meu cérebro querendo me ajudar. Como é?  Vais passear? Eu hoje não vou sair, Betinho foi para SP e só volta lá pela meia noite, vou assistir TV e ouvir música. Ganhei um telefone móvel. Tambem um pequenino rádio que alem de FM e outro, ele tambem toca Mp3, estou feita e não estou prosa, ansiosa para que chegue logo o dia 14. Amiga tive uma ideia, vou escrever sobre cinco amigas lá em Ribeirão Preto, suas aventuras e desventuras. Penso que você vai gostar. Até outra hora, Jenny (4/6/2011)

Amiga,  mais uma coisa que lembrei: quando nasci meu pai consultou o livro de orações e lá ele viu que eu deveria me chamar Ana - Edvana - mas acabou por me colocar o nome de Jenny por causa da ignorância do rapaz que trabalhava no cartório. Então ele leu também no livro de orações o meu signo era regido por um arauto, se vê, por isso falo demais e penso demais, meu cérebro trabalha muito rápido, e assim vou indo, as pessoas se admiram comigo por eu ser rápida no raciocino, e vivaz. Tenho muita alegria, mesmo quando estou triste. Maria Julia Gualter gostavam quando eu ia para as festas da fazenda lá no sul de Pernambuco, eu alegrava todos, quando eu não ia,  eles reclamavam, sentiam minha ausência. Lembro quando vivi com minha madrinha, ela tinha uma pensão para moças, e eu promovia as festas de sábado à noite, me lembro de um São João que vesti um vestido preto da madrinha fingindo ser um padre e o livro de casamento era a lista telefônica, foi uma brincadeira legal, eu coloquei as moças num quarto os rapazes ficaram na sala, a sala era enorme, tinha um piano da madrinha, e então começava ligando a vitrola, então eu vendia os jornais, os rapazes compravam, O Estado, a Gazeta, O diário e assim por diante, quando voltei para a casa da minha irmã Sabina tudo se acabou, lá na pensão, da madrinha conheci o Jair, uma das minhas paixões, que ficou no passado, foi comandante da Varig, agora está em Catanduva, dizem que faz parte da Diretoria da APAE. Beijão Jenny (4/6/2011)

Sobre a sua ideia de vir para Atibaia, achei ótima, aqui iremos passear, ir tomar cafés, no Franz ou Donut's, iremos danças no Recreativo, e badalar na praia dos paulistas que é a Av. Lucas Nogueira Garcez, viúvos e separados de montão, aqui é o paraíso dos viúvos. Criaremos muitos gatos e cachorros, e ai acho que vou sanar a saudades dos meus gatos, são eles que eu considero o rei dos animais.  Aqui mora um ator de novelas da Globo, a esposa dele chama-se Matilde Mastrange, acolhem bichos abandonados, faz muito tempo que não os vejo, tem tambem o Ricardo do Pet Azul, foi ele que me ajudou em 2003 a achar um casa para uma gatinha prenhe que achamos na rua aonde Betinho mora, o Ricardo se diz nosso amigo e eu acredito, junto dele trabalha o Dinho, que foi cantor na época da ditadura, ele mais dois cantavam "Brasil ame ou deixe" agora o Dinho cuida de 10 cachorros e alguns gatos, tem tambem o Edson um encanto de pessoa, e finalmente o Rodrigo, trabalha lá e estuda veterinária em Bragança Paulista, o bom que aqui temos muitos amigos, não como  no tempo que vivia no Ceará, apenas tenha a visita dos que precisavam de mim para alguma coisa. Minha querida uma boa noite, te prepares para os dias frios que vêm ai.  Sim aqui temos teatro e show também.  Beijos Jenny.

Estive pensando se você vier para Atibaia, iremos para as baladas, eu sou meio boemia, iremos comer em bons restaurantes, dançar no recreativo, comer bolo de nozes no Café Germine e Sabine, e também namorar belos aposentados que aqui é o reino deles. E viver, aproveitar a vida... Sim, esqueci-me de lhe informar que a Veterinária Dra Andreia ficou encantada com o que você nos mostrou a respeito da sacola para laptop, então eu tomei a liberdade de dar-lhe o seu blog, para ela se informar contigo como adquirir as ditas.  O email dela é Andrea Caetano.

Oi Querida amiga, estou assistindo o Macho-Man, adoro o Fernando, menina assisti a reportagem sobre a solidão, e lá falara a respeito de obesidade, você sabia que o meu ex está obeso e não sai de casa? Papagaio! Sei que a separação traz muitos problemas, mas como eu tenho um filho super cuidadoso e presente, em dois anos eu superei, esquecer não, me disseram que ele não vai visitar ninguém, nem mesmo seus  irmãos. Enfim  vamos lá, a vida continua... beijos, Jenny.

Oi querida amiga! fui dormir às cinco da manhã, exausta, o coração pequenino, hoje vou assistir um programa na Globo que vai falar sobre solidão, abandono etc.  Meu filho quando chegou sempre me traz um presentinho, chegou a uma da manhã, me viu triste e eu não lhe disse por que achei melhor.  Meu papagaio está melhor da sinusite, alegre e falante como ele só. Sobre o assunto de você querer vir morar em Atibaia, é uma boa, aqui o pessoal gosta muito de bichos, foi feita um enquete sobre quantos cachorros tem em Atibaia: três por pessoa, só não contaram os gatos. Quanto ao terreno você consegue, aqui tem muitas imobiliárias com seus corretores todos eles muito simpáticos e atenciosos. É também o meu desejo de ter uma casinha, mesmo pequenina que abrigue eu meu filho e sua namorada que logo vai se formar em administração e quer vir para cá tambem. Eliane pensa em abrir um pequeno bazar em Extrema, fica a 40 minutos de carro daqui.  Vender coisas ainda não sabe bem o quê. Eu estou me preparando para o fim, não fique triste é isso mesmo que um idoso faz.  Estou aceitando devagar a operação.  Quanto a sua empregada pena que você não me informou antes, meu cunhado irmão do Humberto velho, lá em Juazeiro tinha uma empregada ha dois anos, ela cozinhava e passava roupa etc., um dia foi dar queixa no ministério da trabalho, por que o Mozart não quis dar-lhe o aumento pretendido, e ele teve que pagar uma indenização de R$ 16.000,00, na audiência ele prometeu fazer uma casa e dai chegaram num acordo. Ele ficou apavorado porque o cara que toma conta das vacas que ele tem lá no sitio não é registrado, e essa pessoa não tem sábado, domingo nem feriado... imagine, essa situação ficou até eu sair de lá; não sei que aconteceu depois. Que beleza, se vieres para Atibaia, poderás ir para o jornal com Betinho. Tem uma colega de vocês que mora em Bragança Paulista, vai para SP todo dia. Quanto as minhas estórias logo estarei de volta, me aguarde. Hoje revendo a novela O Rei do Gado, vi a praça principal de Ribeirão Preto, onde está o maravilhoso cine teatro, aonde tambem no subsolo eu dancei em vários carnavais, e dai as lembranças lindas, românticas da minha adolescência. Amiga tenha paciência com a sua doméstica, esse povo sempre é inimigo dos patrões, isso acontecia comigo e com o Humberto velho lá no sitio no Ceará. Sabe, há tempos eu me viro na cozinha? Sozinha, desde o tempo lá no sitio, costumo  comprar legumes já picados lavados etc., arroz compro do Tio João, pequenos pacotes de 2 - 4 porções. Não precisa lavar e faço na panela de pressão, deixe a panela fechada ela ferve abaixo a pressão por 2 a 3 minutos; e "voilá"! Esta pronto um delicioso arroz, o feijão preparo o feijão branco porque ele dá menos "gazes" e também  é gostoso.  E faço muitas receitas de bolos, e bolos salgados que você querendo lhe envio as receitas. Minha amiga, a gente tem de se reciclar em tudo até no trabalho doméstico. Ah! lembrei-me de uma coisa, se eu pudesse e fosse mais jovem eu iria ganhar a minha vida como governanta.  Conheço Alba, uma senhora idosa que foi governanta de um ricaço aqui em Atibaia, acabou casando com ele e na morte do fulano herdou tudo o que ele possuía, e uma bela aposentadoria, mora numa mansão.  Minha querida já falei muito, um beijão. Jenny. 

Você ainda está gripada? Eu já passei por isso, mesmo tomando a vacina, agora que o sol saiu estou bem. Só estou borocochô, minha vida está tal de perguntar para eu mesma como será o meu futuro, algumas pessoas sempre dando palpites o que me atrapalha,  o neuro disse que meu cérebro está diminuindo, fiquei apavorada, e por isso que demoro com o aprendizado, e é por isso que o Humberto velho no sítio precisava fazer o trajeto para aonde ia para não se atrapalhar. Madona mia, que vida, eu não pretendia chegar a essa idade,  82 primaveras, e cheguei, agora é aguentar firme, querida Eliana um bom fim de semana, Jenny  (21/5/2011).

Oi Eliana, meu papagaio estava com sinusite, penso que deve ser oriunda de uma ração de má qualidade adquirida com boa fé.  Hoje estamos dando uma ração cara, porém eficaz que se chama Nutrópica da Premium, a Veterinária acertou essa pessoa que é a única que atende em Atibaia, ela se formou pela escola de veterinária de Bragança Paulista, e se especializou e aves na USP S.Paulo Disse ela que o papagaio está gordinho 520 gramas, com essa ração ele vai melhorar e possivelmente viver mais. E viva a veterinária Andrea!  Jenny (21/5/2011)

Um beijo e um queijo da amiga, solidária Jenny (sim parece que meu papagaio está gripado, já chamei a veterinária, ela vira em casa amanha a tarde, depois lhe conto o que houve). 

Oi Eliana, ser mãe é muito bom até vir a dor de barriga ou dor de ouvidos etc.. Neste domingo tristonho e aborrecente, tenho em casa uma cachorrinha com saudades da gatinha, e eu tristonha por estar com Bronquite que voltou devido esse clima chato. Sábado nem quis sair para dar o costumeiro passeio para jantar fora. Eliane foi embora mais cedo, e foi de ônibus.  Betinho está assistindo o jogo do Corintians x Santos e o ambiente está uma "merreca", não tenho vontade nem de comer, quem me dera que estivesse lá em Sergipe, capital, junto aos parentes de Eliane, numa praia feito jacaré de barriga p'ra cima, queimando ao sol. Outra, eu e Eliane adoramos o vídeo da mãe passarinho que mandou. Maravilhoso, que saudades da época em que nasciam passarinhos no alpendre lá de casa no sitio lá no Ceará. Querida Eliana, um beijão e um ótima começo de semana, Jenny (15/5/2011)

Oi Eliana, pode desconsiderar a operação, Beto não pode ir no dia da consulta junto comigo, pois, estava com muito sono e ficou dormindo, eu sozinha fui com seu Zé motorista de táxi conhecido nosso e combinei com Dr. Gilberto Shimoda tudo, inclusive a data da operação, então hoje falamos no assunto e ele me lembrou que Dra Thais do Hospital das Clinicas vai marcar a operação da retirada do óleo do olho direito e não poderei fazer outra cirurgia por causa da anestesia, e que poderá ser feita talvez daqui a dois meses, tenho que ficar mais tempo ceguinha. Essa retirada de óleo deverá ser feita daqui a três semanas.  E seja o que Deus quiser. Um beijão Jenny
(1/5/2011)

Oi querida! Obrigada pelo delicioso presente. Estou melhor da bronquite, foi uma bronca da vida... A costela ainda dói!  Só analgésico ajuda. Fui ao oftalmologista sexta-feira e ganhei um presente mediante R$200,00 a minha operação da catarata, vai ser no próximo dia 12 de maio, as 8h00 da manha. Enleve um pensamento positivo neste horário para mim. E seja o que o destino determinar. Quanto ao meu aniversário estou me sentindo mais pesada.  Um beijão da amiga Jenny (30/4/2011)

Saudades!
Ada, se me perguntarem o que eu gostaria de ganhar de presente, pediria saúde e paz de espírito, penso que são as duas coisas que mais necessitamos.  Então, minha eterna amiga, é isso que eu desejo para você, Feliz Natal e um próspero ano Novo. Jenny (19/12/2011)”.
Conheça Jenny  Daqui

9 de jun. de 2012

Carta de Jenny Scavinsky: Isso é um romance, não ficção (parte 1)


Jenny Scavinsky

Jenny tem uma fluidez de vida que brota naturalmente intenso dela. Com 84 anos, ela acredita piamente no amor, e o amor faz sua ronda em torno dela. Impressiona sua alegria de viver. Não se deixa abater, mesmo abalada pelas dificuldades que a idade traz. Tem sua saúde delicada ultimamente. Probleminhas no coração, diabetes, trombose, e mais recentemente embolia pulmonar. Está internada há duas semanas e agora vai precisar ter oxigênio sempre à disposição, mesmo em casa, e tudo está sendo feito para que ela tenha alta em breve. Mesmo assim, não reclamou-me  uma vez sequer, não lamuria sua condição, apenas aceita-a. Compreende, aceita e ri. Ela é muito risonha!

No meio desse burburinho todo, surge uma casualidade interessante que me emocionou sobremaneira. E a admiração que eu sentia por ela aumentou e a amizade e o prazer de fazer feliz a amiga, me deu também uma alegria sem par. Pude até traduzir melhor aquela filosofia popular que prega: o bem que se deseja ao outro, sempre volta para você.

Pois bem, por causa das publicações nesse blog das cartas de Jenny, surgiu a oportunidade dela rever um antigo namorado muito especial, o Sr Jair Cassiano, que menciona numa das cartas. (aqui) Nessa carta, que foi escrita há um ano e meio, ela menciona sentir saudades [dentre tantas pessoas e fatos] desse namorado. Há poucos dias surge um comentário no Blog, referindo-se a essa carta e quem comenta é prima do namorado em questão. Além das alvíssaras sobre ele, informa seu telefone. A surpresa causou um misto de expectativa, empolgação, mas também um pouco de desconfiança sobre a veracidade. Afinal, sempre dizemos que o mundo é pequeno e cheio de surpresas mas quando acontece, ficamos estupefatos. Como é que ela encontrou o blog, a carta, e dentro da carta o nome de seu primo?  Fui checar e confirmado: Jair fora encontrado!  Não pensei duas vezes e me virei em cupido. 

Pois o telefonema acontece entre Jenny e Jair e entre curiosos e saudosos, falaram-se por hora, e recordaram-se, e amaram-se novamente [porque qualquer maneira de amor vale a pena] e a grande notícia é que na segunda-feira ele virá visitá-la no hospital. Jenny pediu batom e perfume. Quer arrumar o cabelo, quer um espelho. E alertou-o [entristecida] de que envelheceu e ele não espere aquela boniteza de moça que ele namorou, como se ele não estivesse envelhecido e o tempo tivesse parado. A felicidade que senti na voz e o brilho nos olhos de Jenny [que não pude ver ainda] me confirma que isso é um romance e não uma ficção! E que a vida prega dessas peças surpreendentes! E que mesmo no hospital, convalescendo-se, ela desperta para o amor e brota tanta esperança que fico até comovida em fazer parte desse episódio.

Preciso fazer vários brindes, ao amor, à vida, aos reencontros, às casualidades felizes, à amizade, à alegria, à saúde de Jenny. Viva Jenny! Viva Jair! Preciso brindar também o dia dos namorados, que coincidentemente será no dia seguinte ao grande encontro de Jota*Jota! 

PS.: "Eu te amo" em Lituanio, terra de Jenny, é  "Tave myliu"
 (veja como se diz eu te amo, em todas as línguas aqui

(Ada 9/6/2012)

(pretendo continuar...)

Todas as cartas de Jenny, daqui


10 de mar. de 2012

Carta de Jenny Scavinsky: Enfim, enviou-me notícias!

Oi querida! eu aqui numa linda casa porém ainda toda desarrumada. Eu e Beto não tivemos tempo ainda nem para piscar o olho. Minha cachorrinha já está se acostumando, o papagaio também. Beto vai mandar fazer uma rampa para eu poder descer para a garagem, lavanderia e edícula. Estou com problema no pulmão, estou fazendo inalação. Eliana, há tanta luz nesta casa, que você nem queira imaginar! Devido ao líquido que tenho na vista direita, preciso usar óculos dentro de casa, é uma maravilha. Já contratamos uma faxineira, é uma senhora idosa, bem esperta, cuida também de passar roupa. Na rua que moramos estão pintando 2 casas, parece um pouco menor que a nossa. Logo queremos que você e sua mãe venham tomar um café com a gente. Eu queria lhe mandar uma saudação no dia da mulher, mas meu computador ainda não estava recebendo ou enviando mensagens, te amo muito. Jenny

10 de mai. de 2011

Carta de Jenny Scavinsky: Depois da guerra os Scavinsky vieram para o Brasil


Boa tarde minha querida!

Quanto à vida de meus pais em Moscou, Rússia, não foi brincadeira. Quando a guerra terminou ficaram sem saber o que fazer e então partiram para mais perto da fronteira com a Lituânia. Meu pai foi trabalhar numa mina de carvão mineral. Mamãe conta que alugaram uma casa grande e sobrou um quarto e eles sub alugaram a um rapaz que trabalhava na mina de carvão também. Um dia ele pediu para trocar de turno com meu pai, que por isso não morreu, pois houve um desastre na dita mina e quem morreu no lugar dele foi o pobre do rapaz. Bem, após isso eles começaram a fazer pic-nic todo o fim de semana perto da fronteira e lá fizeram amizade com os guardas, dando-lhes comida que levavam no farnel. Daí, um dia conseguiram passar. E sempre era a mamãe que tinha essas ideias e eu acho que puxei à mamãe, pois sempre tenho ideias geniais.
Quando conseguiram chegar ao sítio em que moravam, eu digo sitio mas na realidade era herdade, a casa era chamada de dashca, então encontraram ruínas, o solo todo esburacado pelas bombas, a casa sem janelas, portas, o piso sem tacos, ou melhor dizendo, nessa época não existiam tacos e sim tábuas. Geralmente existiam duas casas, uma de madeira para o verão e outra de pedra para o inverno, e essa era calafetada entre paredes com canos de zinco para que o calor da lareira passasse para todos os cômodos, e então no local só existia a casa de pedra, a casa de madeira os alemães queimaram.

Não tinha mais nenhum animal, os ditos haviam comido tudo, até que meu pai ficou sabendo duma vaca que ele tinha e que dava mais de 20 litros de leite por dia. Era uma vaca holandesa, então foi até esse vizinho reclamar a posse da vaca, chegando o fulano disse ao meu pai que se a vaca o reconhecesse, ele lhe entregaria. Meu pai então, estando no pequeno curral aonde se achava a vaca ele assobiou e ela o reconheceu e veio em sua direção. Pronto! Meu pai voltou para casa com a dita cuja, e foi a alegria das meninas, iam ter leite, creme e manteiga, por um montão de dias.

Após isso, meu pai resolveu em conjunto com minha mãe vender a terra e ir para a cidade, e na cidade montaram um pequeno restaurante, lá tinha um polonês beberrão para ajudá-lo, mas o cara era alcoólatra e bebia mais do que podia, dai é que surgiu a ideia de vir para o Brasil. Grandes cartazes na cidade dizia aos pretensos emigrantes que neste país corria ouro pelas ruas! Meu Deus, coitados, foram na onda, eles e outros milhares de emigrantes, quando partiram para - acho que foi na Antuérpia - lá entraram para embarcar, onde havia uma turma de húngaros piolhentos e mamãe se recusou a ir neste navio,e esperou o seguinte, e lá vieram com um montão de gente, passageiros de primeira, segunda e terceira - que eram eles.

No mar alto deu escarlatina, minha irmã Branca (Browney) pegou e quase morreu, mamãe desesperada disse que se caso ela morresse ela também se atiraria no mar, os mortos eram jogados ao mar enrolados num tecido grosso para não serem devorados pelos tubarões. Terrível, ao passar pelo signo de capricórnio deu a louca nas pessoas, pois pegavam suas peles e jogavam ao mar. Mamãe muito ajuizada não fez isso.

Quando chegaram ao porto de Santos, aí sim é que foi terrível! Roubaram parte de sua bagagem e por mais que minha mãe perguntasse ninguém lhe dava ouvidos, e lá ficaram três dias como animais à mostra e vinham fazendeiros escolher quais levariam. Quase a mesma coisa que fizeram aos escravos negros no passado, e quem os escolheu foi um rico fazendeiro, o nome era Schmidit, de descendência alemã. 

E lá foram eles para sua desdita. Para meu pai foi o inferno da vida dele, para minha mãe o purgatório, na chegada à fazenda esse tal fazendeiro nem foi ve-los! Anos mais tarde, quis o destino promover o encontro, minha mãe grande modista, atendeu a esposa do dito. E essa senhora adorava mamãe. Anos mais tarde perderam a neta com 18 anos, ela estava na piscina do clube e abriram a saída da água, não notaram que havia gente, morreu presa sugada pela água. Aqui se faz, aqui se paga. Será verdade ou mito? Essa menina tinha um defeito, era albina. 

Minha querida Eliana, está um dia cinzento, triste, parecido comigo. Agora vou cuidar do meu almoço, meu papagaio está muito calado, é o tempo que o deprime, e a cachorrinha está na sua caminha com frio.Mais tarde lhe enviarei mais coisas, não sei do que falarei.

Quanto ao Felipe já faz uma semana que não me comunico com ele. Eu lhe contei que fomos para Extrema, sul de Minas Gerais? Fica a 25 minutos daqui de Atibaia. Adorei a cidade, é pequenina, montanhosa e lá a Kopenhagem montou uma fábrica de doces e chocolates e a irmã da namorada de Beto, junto com seu marido foram viver e trabalhar lá. Fazem parte de uma comunidade evangélica. Parece que já lhe contei, não?

Tomo licença para passar o seu blog para o Felipe pois ele adora, coisas assim das que você publica.

Até mais tarde, beijos Jenny
19/03/2011

9 de mai. de 2011

Carta de Jenny Scavinsky: Pintei o meu sapato com alvaiade para a primeira comunhão


Querida Ada, me vejo em Ribeirão Preto, morando perto da praça 15 de novembro, era no centro.  Ouvíamos a PRK7, radio de Ribeirão, que falava de hordas de desordeiros, que na realidade eram pobres colonos trabalhadores das fazendas ao redor. Getulio Vargas tinha colocado uma ordem de que todo dono de fazenda devia matricular seus empregados e outras coisas que não me lembro bem.

Saíram das fazendas, aliás foram postos fora, sem direito de nada, só com a roupa do corpo, sem um tostão no bolso, com fome, sede, começaram os saques nos empórios, na venda. Depois do almoço, ouvi um barulho forte na rua, misturado à tropel de cavalos, eram os boinas vermelhas, vindos de madrugada no trem, com intuito de apaziguar, acalmar. Então sai no portão e um rapazinho atirou em  minha direção, para eu apanhar, uma caixa de fósforos que ele pilhou num desses estabelecimentos. Nisso minha mãe chega e me ordena entregar para o menino, ela disse ser um produto de roubo. 

Na rua ficaram chinelos, alpargatas de gente paupérrima, alguns panos e a solidão. Os cavalos já não faziam barulho, era um silêncio total, tudo estava fechado na cidade e no dia seguinte nem as padarias abriram. Minha mãe ansiosa por pão perguntou à Dona Anadéia aonde comprar, qual padaria iria abrir, ela não sabia também. Lá pela 7 horas da noite vieram avisar que uma padaria iria vender, só depois das 9 da noite e lá fui eu morrendo de medo, as ruas cheias de soldados que me olhavam de esguelha, mostrando admiração duma garota andando sozinha àquela, hora, e eu andando, achei a padaria  comprei o pão e voltei para casa correndo, as lágrimas correndo no meu rosto.

Eu me lembro, depois da morte do meu pai, eu tinha que fazer tudo sozinha, por isso adquiri coragem de enfrentar tudo, e os meus entes queridos dizem que sou muito forte.

Quando fiz a primeira comunhão, minha mãe não tinha dinheiro para fazer o vestido. Essa roupa era parecida com vestido de noiva. Então fui à Matriz, lá estavam as damas da sociedade, e ajudavam os pobres, falei com elas e prontamente me atenderam. Só não tinha sapatos, então peguei meu sapato preto e comprei alvaiade, e pintei-os, ficaram lindos!

No domingo, lá fui bem cedinho sem tomar café, engoli as hóstias, me vi sem pecado, e pronta para ir para o paraíso, que beleza! Carregando nas mãos um pacote de bolo, bolachas e biscoitos, qual foi a minha decepção, ao sair, trovoadas, o céu ficou escuro, pingos de água gelados me pegaram na rua, nenhum lugar para me abrigar. Em volta ricas mansões ornadas com jardins. Correndo para casa notei que meus sapatos estavam perdendo o alvaiade e ficando pretos. Chegando em casa chorando, entreguei os doces à minha mãe e o sol voltou à brilhar.

Jenny

(23/3/2011)


8 de mai. de 2011

Carta de Jenny Scavinscky: Lembranças da minha vivência no sítio


Querida amiga,foi muito bom você ter me respondido. Ontem, enviando um email para o comprador do sítio, do primeiro lote, justo onde vivi dezesseis anos de felicidades, frustrações, perdas, com minhas queridas vacas, meu touro que chamávamos de Mino (diminutivo de Minotauro), das minhas galinhas, algumas caipiras, outras de raça.


Como meu soberbo "Galu", enorme, um conquistador de carteirinha, só que não gostava de galinha preta, ele era branco com pintas pretas no pescoço, toda a madrugada às três da manhã começava a cantar até às 5:30 quando descia da mangueira. Enorme essa mangueira, foi plantada pelo meu cunhado Mozart, Muzuca, em 1988.

Quando Dr. Mozart, meu sogro, passou as quatro partes e que lhe foram dadas pelo Dr. Florêncio Alencar, seu pai e avô do Humberto meu velho, então eram duas partes para Humberto e duas partes para Muzuca. Então houve um acordo, para que nós ficássemos com a parte do filé, como Muzuca chamava, então ficou estipulado três partes para Muzuca e uma para Humberto.

O sitio tem 4 km de extensão por 120 braças de largura, é enorme, não dá para ser vigiado, o que resultava em roubo de palhas, côco e outras coisas, madeira também, derrubavam árvores e deixavam secar e depois iam buscar. Quem via na estrada nos contava, mas ai era muito tarde, já tinham levado.

Puxa, se eu continuar, não páro hoje. Sim e tínhamos três cachorros, meus queridos, nos ajudavam a guardar o sitio.

Minha Patativa que viveu 24 anos na gaiola, meu bigodinho que viveu 23 anos na gaiola, e era apaixonado pela Patativa, mas ela não ligava para ele, o Bigodinho, quando fui para o hospital e passei lá 23 dias, o meu bichinho não aguentou a saudade de mim e morreu. A Patativa morreu um ano depois.

Meu cachorro Neguinho morreu devido à vacina anti-rábica, ele estava com 9 anos. Humberto chorou quando ele morreu, ele gostava muito do Neguinho, e este só faltava falar com ele.

Zinha, minha cachorrinha que recolhi na rua de Juazeiro cheia de sarna, era uma ferida só, tratamos deixando-a no galinheiro morrendo de medo da sarna passar para nosso gado, mas felizmente não aconteceu, depois de um mês de tratamento, recuperou seus pelos e ficou linda. Quando soltei-a ela logo correu para casa querendo mostrar serviço começou a latir querendo subir na parede do corredor que ficava entre a cozinha e o banheiro. No forro do banheiro tinha morrido um rato dos grandes, no sitio existem muitos, e estava fedendo. Ela faleceu com 14 anos de idade, morreu do coração.

E assim foi a minha vivência lá.

Minha querida amiga, tenha um bom dia, e até outra hora.

Jenny

(23/3/2011)

7 de mai. de 2011

Carta de Jenny Scavinsky: Acontecimentos de Guerra, “Galantine” e Ciganos


Oi Eliana, vou narrar alguns acontecimentos.

Durante a segunda guerra, as pessoas maltratavam os japoneses, os italianos, e esses eram muitos, e haviam também algumas famílias de alemães. Como eu tinha os cabelos muito claros era confundida com alemães e daí na saída da escola os moleques puxavam minhas tranças que meus pais mandaram cortar. Eles jogavam pedras, então meu pai me ensinou a jogar pedras nos safados, e assim ia me defendendo. Ouvíamos boatos de que chegaram até a matar japoneses que viviam nos seus sítios. A gente vivia amendrontado, porém mamãe fez amizade com a família do delegado e ele prestativo disse à mamãe se alguém nos ameaçasse era só avisá-lo e ele tomaria providências para nos defender. Como é bom ter amigos...

Me lembro que meu pai era um grande cozinheiro, inventava coisas, como “galantine”, que na realidade é gelatina feita a partir de três tipos de carne de gado, de porco e de bezerro bem novinho, com muito temperos. Deixava cozinhar até a carne se desprender dos ossos, depois passava tudo numa peneira fina, e ao lado deixava alguns pedaços para juntar no final aonde colocava numa grande travessa e regava com vinagre de vinho branco. Os adultos gostavam muito, eu não. Era preciso trocar um prato desse pela comida de Dona Cândida que era comida mineira, uma delícia. 

Outra lembrança: quando bem pequena e ouvia guizos, admirada corria no portão para ver e mamãe corria atrás de mim e me puxava para dentro e fechava à chave o grande portão. E dizia: “são leprosos”. E o que é isso? E ela respondia que era uma doença que não tinha cura.

De outra vez, foi o caso dos ciganos que quando chegavam à cidade, todo mundo trancava suas crianças, pois ciganos eram ladrões de crianças e a policia logo os botava para fora da cidade. Coitados, eu morria de pena deles, mas o que eu podia fazer tão pequenina e tão dependente? Nada.

Boa noite minha amiga.
Jenny

(23/3/2011) 

Nota:

Galantina ou também galantine é uma iguaria típica da culinária da França e também da culinária de Portugal. É confeccionada com diversos tipos de carnes desossadas, cobertas por uma camada de geleia. As carnes mais utilizadas são as de suíno, bovino, frango e faisão. É normalmente consumida fria, após ter sido escalfada.
Por vezes, as galantinas são também recheadas com uma mistura de carnes picadas, peixe, vegetais, frutas, pão ralado e especiarias. Esta mistura pode ser picada diversas vezes, até se obter uma pasta mole. Quando se utiliza esta mistura, a galantina é normalmente prensada, sendo a pasta introduzida numa forma cilíndrica.
"Galantine" de vegetais


6 de mai. de 2011

Carta de Jenny Scavinsky: Me vi de repente no meio de uma floresta de Álamos




Querida Ada, que domingo, murcho! Parece quarta-feira de cinzas! Ontem faleceu um conhecido nosso, o Julio, tio do Felipe, aviador acrobata amigo de Beto. Faleceu depois do almoço. Quando a noticia chegou, eu estava no computador toda entusiasmada pensando na Luciana, sua sobrinha, que iria numa festa de aniversário onde todos iriam fantasiados de heróis. Ao contrário, qual o quê, a vida nos reserva surpresas e daí vai tudo por água abaixo. Eu chorei de pena, o Julio era um sujeito que não conversava com as pessoas que não eram apresentadas a ele. Um dia estávamos eu e Beto no Hospital das Clinicas e lá vinha ele em nossa direção e nos cumprimentou sorridente e alegre por encontrar pessoas conhecidas. Isso faz dois anos, dai não o vi mais. Foi internado no Hospital do Câncer, e que a terra seja leve... E como será que vai a Lu? Ela é sobrinha dele. Ainda não deu para levarmos os pêsames, estamos sem carro.

Querida amiga, vivamos com toda intensidade e desfrutemos. Façamos como quando se chupa uma laranja e depois jogamos o bagaço fora. Lembro que, quem dizia isso era meu pai.

Estou ouvindo Zé Ramalho, o Cd chama-se Eterno, como minha alma será um dia. Ontem tive um daqueles "sentimentos". Eu digo assim pois não sei como chamá-lo, me vi de repente no meio de uma floresta, lá da Europa, não sei o local, só sei que também a vi há muitos e muitos anos, as árvores pareciam Álamos, também poderiam ser Tilias, era começo de primavera e eu corria entre elas, coisa mais estranha.

Quando estava morando na Rua Martins Fontes tive essa visão, então com a ajuda de Humberto, que era pintor, consegui passar para uma tela e quando o quadro ficou pronto levei-o para minha irmã, a Elvira, que ficou maravilhada. Daí, dei o quadro para ela, e quando ela faleceu, ficou com Paulo meu sobrinho e ele não sabe onde colocou-o, pois mudaram-se depois da morte do meu cunhado, o Franscisco, ele faleceu do mal de Alzeimer e dai se mudaram para Rio Claro, e o quadro desapareceu. E agora porque volta? Seria alguma mudança na minha vida?

Boa tarde minha querida amiga.

Jenny
(27/3/2011)

5 de mai. de 2011

Carta de Jenny Scavinnsky: Deitada na relva imaginava São Jorge e seu dragão





Eliana, quando eu li sua postagem a respeito da sua estadia num colégio, recordo de ter passado por essa experiência quando meu pai faleceu e minha mãe ficou alheia à tudo, meio desvairada, e então achou melhor eu ir para o colégio Santa Terezinha da irmandade João Bosco. E lá fui eu, super chateada, iria ficar longe de meus bichos, da minha casa, do meu quintal onde tinha minhas aventuras e que às vezes me achava a Jane do Tarzã e o meu jegue era a minha Chita, e a mata era um bocado de pés de mamonas, e o charco que existia no fundo quintal era o pantanal, e assim por diante.

Chegando no colégio - nossa que depressão - mamãe levou um pano de parede para bordar e o desenho era um casal de holandeses. E as freiras quando viram o pano, proibiram. Disseram que tinha homem e lá não era permitido, nem em pensamento. Como eu era órfã de pai, não precisava pagar, iria servir sobremesa para as alunas riquinhas e essas, meu Deus, umas entojadas de nariz erguido, e muito sem vergonhas. Foi lá que aprendi que à noitinha era hora de rezar o terço e bordar e isso ia até nove da noite. Essas meninas eram incriveis, um dia pularam o muro do cólegio e fugiram.

Minha mãe vinha me visitar no fim de semana, da minha parte era aquele chororô, aumentava até, para que se apiedasse e me levasse para casa, mas qual o quê.  Lembro que na hora do banho, ficávamos com uma bata e por baixo dela esfregávamos o corpo com o sabonete e que na porta da saída do banheiro, ficava uma freira vigiando. À noite no dormitório outra freira ficava espionando nossa dormida, e assim passaram-se seis meses, até que Dona Genoveva ficou com a cabeça mais forte e me levou para casa.

Finalmente eu estava livre, ia voltar aos braços de Dona Cândida, seu papagaio, meus gatos e Lord o cachorro da mamãe, esse cachorro era da raça Lulu da Pomerânia, era branco do focinho, labios e olhos pretos, um encanto, muito inteligente, viveu até os 14 para 15 anos.

Sim, também voltei para cuidar do jardim de dona Genoveva, hortências, rosas em profusão, sete dedos, costela de adão e outras mais, ela conseguia mudar a cor das hortências, umas eram cor de rosa, outras lilazes e outras azuis.

Tempo divino, cheio de magia, quando era noite de luar, eu ficava deitada na relva, olhando para a lua e imaginando como era São Jorge, e o que ele fazia lá, se teria namorada, e se seu Dragão era de fato muito bravo e esguichava fogo...

Era sonhadora e passional, muito.

Beijocas, Jenny.

(21/3/2011)

4 de mai. de 2011

Carta de Jenny Scavinsky: A vida é muito curta, viva com intensidade


Querida Eliana, sim já li "A Mãe" de Gorki, aliás li todos os livros dele, adoro-o, como também a Mayakovsky. Pena foi o seu suicídio, por amor, era um cara alto, muito alto e bonito. Geralmente o russo tem uma bonita voz, e falam como se estivessem cantando. Lembro de uma brasileira da alta roda que foi à Rússia e lá se encantou com eles, foi ela quem disse que o russo falava cantando e quando voltou, internaram a pobre num hospital psiquiátrico e deram sumiço na sua figura, nunca mais ouvi falar dela. Foi no começo da era Jânio Quadros, e dai você sabe o que veio em seguida...


Meu marido, morto de medo, levou-nos para o Ceará e lá começou a minha odisséia, as mulheres não gostavam de mim, por que eu era bonita e casei com o objeto desejado por elas:  o Humberto, o homem mais bonito de lá. Ele era simpatizante do comunismo, esteve na festa em Moscou, em 1958. Se não me engano o primo dele também era comunista, foi preso, ficou num navio no píer de Santos até que parentes dos Alencar mexeram os pauzinhos e liberam-no. Ele foi enviado para Santa Catarina, onde viveu até falecer de problemas urinários. Newton era militar. 

Menina! Naquela época, 1963, Juazeiro parecia a Índia pobre, bem pobre, não tinha água, a água de poço tinha que ser fervida e para beber comprava-se água que vinha de Caldas, município de Barbalhas, ficava a 20 km de Juazeiro.

Eu era a "coisa" muito alta, dizem também que elegante, magra, e só gostava de ficar nas rodinhas dos homens pois, eles tinham conversa mais interessante do que as mulheres, o papo delas era traição de marido, filhos e empregadas, e eu detestava, pois fui secretaria de uma firma norte-americana e quando conheci Humberto estava aprendendo inglês comercial, estava de viagem  marcada em 1960 para ir ao Canadá passar seis meses para aprender o desempenho de uma máquina de extrusão para a feitura de pilhas.

E esse amor tão envolvente me levou de roldão para o casamento que ocorreu no dia 28 de janeiro de 1960 e foi ótimo enquanto durou... e o Canadá ficou no “ora veja”. Talvez um dia eu conto a história desse romance...

Beijos minha querida se cuide você também, a vida é muito curta, passa logo, viva com intensidade. 

Até outra hora, Jenny.

(27/4/20110)


Máximo Gorki (Максим Горький), pseudônimo de Aleksei Maksimovich Peshkov (em russo, Алексей Максимович Пешков) (Nasceu em Nijni Nóvgorod,28 de março de 1868 – Morreu em Moscovo, 18 de junho de 1936), foi um famoso escritor, romancista, dramaturgo, contista e ativista político russo. Gorki foi escritor de escola naturalista que formou uma espécie de ponte entre as gerações de Tchekhov e Tolstoi, e a nova geração de escritores soviéticos.


Vladimir Vladimirovitch Mayakovsky (em russo: Влади́мир Влади́мирович Маяко́вский; Bagdadi, nasceu em 7 de julho (calendário juliano) / 19 de julho (calendário gregoriano) de 1893 – Morreu Moscou, 14 de abril de 1930) foi um poeta, dramaturgo e teórico russo, frequentemente citado como um dos maiores poetas do século XX, bem como "o maior poeta do futurismo". Sua obra, profundamente revolucionária na forma e nas idéias que defendeu, apresenta-se coerente, original, veemente, una. A linguagem que emprega é a do dia a dia, sem nenhuma consideração pela divisão em temas e vocábulos “poéticos” e “não-poéticos”, a par de uma constante elaboração, que vai desde a invenção vocabular até o inusitado arrojo das rimas.



3 de mai. de 2011

Carta de Jenny Scavinsky: Meu avô caiu no lago congelado em Dacha


Olá querida! como vai? Eu e Beto passamos uma Páscoa sofrida, solitária e com sérios problemas de saúde.  Não sei te explicar o tombo que levei na quarta-feira passada. Bati de frente num banquinho de colocar os pés e ainda bem que Beto estava em casa. Ele ouviu o barulho e veio correndo, me ajudou a levantar, meus joelhos estavam ardendo, e no lado direito abaixo do seio estava dolorido.

Quinta feira eu já estava tossindo, nariz escorrendo e muitos espirros, estava me sentindo mal e fomos até o Pronto Socorro, no atendimento tiraram um raio X do meu pulmão e no lado direito uma vértebra trincada e muito muco no pulmão. Esse muco já estava bem velho, desde o fim do ano passado, eu sentia uma opressão no peito quando deitava, pensava que era porque eu engordei, o peito chiava e me cansada por nada. Então prescreveram medicamentos.

E por isso passamos o domingo e a segunda feira de cão... nunca na minha vida tive um problema de saúde como esse, é bronquite herdada do meu avô, ele faleceu de tuberculose, pois, àquele tempo não tinha antibiótico.

Eu não sei si já lhe contei o que aconteceu com meu avô. Num inverno, quando ele foi caçar no lago perto de Dacha (casa deles) (*), então nesse lago à noite homens iam pescar, levavam lanternas faziam buracos e então os peixes atraídos pela luz apareciam e eles pegavam com filetes de aço. 

O buracos deveriam ser fechados, mas o fulanos eram preguiçosos e não tamparam. Meu avô infelizmente caiu no buraco ficando preso pela axilas. Sua roupa era de couro e os cachorros, enormes cães de caça, seguraram-no pelo braço puxando-o e ele gritando disse aos cães que fossem buscar ajuda, e lá foram. Um ficou segurando-o pelo braço e dai um tempo apareceram os caras para ajudar, levaram-no para casa com as pernas congeladas. Chegando tiraram suas roupas e esfregaram vodka, fizeram-no tomar a vodka e muito chá quente.

Dias após, ele teve pneumonia, e mais tarde a tuberculose. Vovó ficou desesperada, vendeu uma propriedade e partiu para Suiça e outros paises em busca do salvamento dele, chegou a vender a segunda propriedade, tudo em vão, infelizmente ele faleceu.

Nós da família Kontrimovich  estamos fadados a sofrer males de pulmão, minha primeira sobrinha tinha bronquite que durou toda sua vida. E eu também estou nessa  bronquite congênita. Que merreca não?

Minha querida amiga, espero que não tenha lhe entretecido, logo vou lhe escrever a história dum cavalinho chamado Pingo, que nasceu no quintal da casa onde nasci, acho que vais gostar. 

Vem ai o dia das Mães, uma data criada pelos capitalistas, e para meu filho Beto, todo dia é dia das Mães!

Um beijão, Jenny.

(*) Dacha:  Palavra russa que significa  casa fora da cidade ; casa de campo; casa de veraneio. Na Russia somente as pessoas muito ricas têm uma dacha.