Lembrei-me da estrada. Desde
pequena, durante as viagens com minha família, gostava de ficar à janela olhando
as paisagens, numa simbiose com plantas, árvores, montanhas, céu e mar. Calmaria
e solidão já reinavam, e vivia perdida em mim, arquitetando pensamentos que se perderam
no tempo, mas que às vezes reaparecem...
As hortênsias à beira da
estrada que nos levava ao sul eram magníficas –minhas preferidas-precisava
levar uma como lembrança. Meu pai parou no acostamento e já com o carro em
velocidade, e a enorme hortênsia repolhuda nas mãos, eis que percebo uma aranha
enorme e incrédula mexendo-se alvoroçada em sua teia armada entre as pétalas
lilases...
Impossível conter o grito de
espanto! E se aranha gritasse, poder-se-ia ouvi-la em ecos, desviada que foi de
sua vidinha sossegada de caçar moscas, no melhor lugar do mundo, e ter que deparar-se
com meus grandes olhos assustadores de gente. Num ímpeto e sem compreender
muito bem o que aconteceu, lá se vai a hortênsia, com aranha e tudo, alçar voo de
volta para a estrada, atirada que foi, às pressas, pela janela do carro em
movimento...
A viagem seguiu carregando
minha decepção.
Se queria uma lembrança dessas hortênsias, consegui. Ei-la que surge, assim que vi essa
fotografia. (Ada 22/12/12)
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