2 de nov. de 2021

Que vivam os mortos queridos!




Finados. A luz da manhã trouxe a friagem da garoa que se deitou sobre a madrugada toda. Ainda no torpor do mundo do sono, dezenas de rostos e gestos dos mortos amigos e amados me cobriram, como o calor das cobertas ainda no aconchego do quarto. Lá fora o sol cintila timidamente no orvalho. Não vejo, apenas sei.

Olhos fechados me trouxeram, pouco a pouco, as lembranças daqueles que partiram e ficaram na memória. Sorrisos, gestos, momentos, saudades, sons, vislumbres de todo um passado disperso, pois que o tempo dissipa possíveis mágoas ou desentendimentos, essas coisas humanas... restando a luz de cada um, em flashes que somam-se ao que você se tornou.

A luz e a alegria dos que partiram, descansam como num porta retratos. Deveria mesmo ser esse um dia de festa, como nos tempos pagãos! Relembrar o bem que cada um deles deixou de herança. E matar a saudade...

Que vivam os mortos queridos!

Ada Gasparini
#coisasdeada

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