Sampa faz 457 anos, Eu 57 |
Somos diferentes mas, ao sermos cúmplices das nossas tristezas, nos tornamos iguais. Ela também perambula pela minha alma, me acolhe nas suas entranhas e depois me abandona. Cremos em deuses diferentes. Ela e eu, seus viadutos [refúgio de cães e homens perdidos] seus feios e lindos prédios, minhas roupas de lã cinza, entre o trânsito e meus sapatos acompanhamos solidárias a correria dos seus habitantes. Sempre há um guarda-chuva esquecido no ônibus. Suas enxentes matam, há sedes infinitas de sempre querer mais, e tudo em nós tem uma beleza nervosa.
Um acontecimento aqui, desencadeia outros tantos lá, e desacreditamos uma da outra.
Suas esquinas escondem e escancaram histórias e amores, mal entendidos, vidas que se cruzam e se desencontram, abandono. Entre uma e outra crise de asma e seus níveis altos de poluição, nas noites de insônia, ficamos a remoer crianças abandonadas e lixo largados nas calçadas.
A fotografar seus grafittis coloridos nos encardidos viadutos, somos amigas e inimigas. Eu aceito seus caprichos e ambições, mas ela me nega a paz e então, brigamos. Eu digo que vou embora mas ela não deixa, pede perdão e me transforma em poetiza de suas auroras quando amanhece com seu sorriso escaldante e cinzento evaporado no asfalto, e me entrego aos seus encantos.
Nossos laços não se desatam facilmente, mesmo que eu vá, ela ainda estará em mim. Sou apaixonada por ela, minha querida São Paulo. E ela tem a mim tatuada na sola dos seus pés.
Ada, 25 de janeiro de 2011
Um comentário:
Tem selinho p vc no meu blog flor!!!
Beijocassssssss
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