25 de jan. de 2011

Meus laços com São Paulo


Sampa faz 457 anos, Eu 57
São Paulo me deixa com saudade dela quando a vejo nas fotos. Mesmo vivendo na sua periferia, quase aos seus pés, e constantemente perambulando em seu coração pulsante e febril de agitação e cimento, parece que estamos tão distantes uma da outra! 

Somos diferentes mas, ao sermos cúmplices das nossas tristezas, nos tornamos iguais. Ela também perambula pela minha alma, me acolhe nas suas entranhas e depois me abandona. Cremos em deuses diferentes. Ela e eu, seus viadutos [refúgio de cães e homens perdidos] seus feios e lindos prédios, minhas roupas de lã cinza, entre o trânsito e meus sapatos acompanhamos solidárias a correria dos seus habitantes. Sempre há um guarda-chuva esquecido no ônibus. Suas enxentes matam, há sedes infinitas de sempre querer mais, e tudo em nós tem uma beleza nervosa. 

Um acontecimento aqui, desencadeia outros tantos lá, e desacreditamos uma da outra. 
Suas esquinas escondem e escancaram histórias e amores, mal entendidos, vidas que se cruzam e se desencontram, abandono. Entre uma e outra crise de asma e seus níveis altos de poluição, nas noites de insônia, ficamos a remoer crianças abandonadas e lixo largados nas calçadas. 

A fotografar seus grafittis coloridos nos encardidos viadutos, somos amigas e inimigas. Eu aceito seus caprichos e ambições, mas ela me nega a paz e então, brigamos. Eu digo que vou embora mas ela não deixa, pede perdão e me transforma em poetiza de suas auroras quando amanhece com seu sorriso escaldante e cinzento evaporado no asfalto, e me entrego aos seus encantos. 

Nossos laços não se desatam facilmente, mesmo que eu vá, ela ainda estará em mim. Sou apaixonada por ela, minha querida São Paulo. E ela tem a mim tatuada na sola dos seus pés.


Ada, 25 de janeiro de 2011


Um comentário:

Érica Cypriano disse...

Tem selinho p vc no meu blog flor!!!

Beijocassssssss