1 de abr. de 2012

Os Gatinhos de Aldemir Martins


Aldemir Martins, um cearense que nasceu com o dom.
Aldemir desenhava com facilidade e gosto, sobre qualquer superfície que achasse pela frente, desenhava compulsivamente, era como ele gostava.

Os Gatos são uma das marcas do pintor, um mais lindo que o outro, todos apaixonantemente coloridos.

Mas ele se tornou famoso no Brasil e no exterior, também por trabalhos com galos, pássaros, mulheres, flores, frutas e o Nordeste. De uma viagem na carroceria de um caminhão, ao lado de retirantes, surgiu sua primeira série de desenhos, com "paus-de-arara", rendeiras e cangaceiros.

Seus desenhos, para mim muito delicados, sempre retrataram o Brasil, seu povo, sua gente. Um dos artistas mais importantes do século XX, um artista brasileiro e não apenas nordestino. Pintor, gravador, desenhista e ilustrador cearense encontrou nas formas e nas cores nacionais a fonte de inspiração para mostrar o Brasil ao mundo.


Aldemir nasceu em 8 de novembro de 1922 no interior do Ceará, Distrito de Ingazeira, em Aurora, no vale do Cariri. Saiu de lá em 1945 para ir morar no Rio de Janeiro, mas logo no ano seguinte mudou-se para São Paulo, onde se fixou de vez.

Ganhou o prêmio de melhor desenhista na Bienal de Veneza de 1956, além das centenas de prêmios nacionais, de salões de arte e bienais de São Paulo.

Foram 60 anos de carreira artística premiada e reconhecida e não deve ser rotulado como "comercial" - como afirmam algumas pessoas - apenas porque seu desenho vendeu produtos. Aldemir gostava de ver sua arte acessível ao grande público. Para ele, o artista tinha que ter como meta aproximar as pessoas da arte.

Foi um defensor da ilustração como um meio da arte poder alcançar o público. Ilustrou mais de 20 livros, entre os quais "Pastores da Noite" de Jorge Amado e "Os Sertões" de Euclides da Cunha, "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, e "Pasárgada", de Manuel Bandeira.

Divulgou sua arte em embalagens e objetos industriais como pratos, lençóis, latas de sorvete, para alcançar aqueles que não frequentam museus e galerias. Seus gatos, galos, peixes, cangaceiros, e rendeiras circulavam livremente em papéis de carta, copos de requeijão, caixas de charuto, embalagens de sabonete e de sorvete e mais recentemente em embalagens de pizza.

A partir de 1967, com a invenção da tinta acrílica, passa a pintar telas coloridas, que se tornaram sua marca registrada.

Suas telas não dobraram de preço depois de sua morte e valem muito menos do que qualquer artista contemporâneo, como Iran do Espírito Santo e Vik Muniz. Os gatos tiveram uma maior aceitação do público, mas não da crítica de arte que avalia seus melhores trabalhos os cangaceiros, os temas nordestinos e os galos.

“Aldemir Martins é um homem cultíssimo. Como dizem em certas regiões do interior do Brasil: é um poço de sabedoria." Essas são as primeiras palavras da obra Aldemir Martins - No Lápis da Vida Não Tem Borracha (1999).

Na pintura ou na cerâmica, na gravura ou na joalheria, passando pela ilustração, desenho e escultura, expressou-se com liberdade, sem as restrições do preconceito. A transgressão torna-se uma marca registrada.

A trajetória de artista premiado é marcada pelo prêmio de melhor desenhista da Bienal de São Paulo de 1955. No ano seguinte, consagrou-se ao ser escolhido para receber o prêmio de melhor desenho na Bienal de Veneza de 1956.

Era o reconhecimento de um talento descoberto nos tempos escolares, tendo exercido, no período colegial, a função de orientador artístico da classe". No serviço militar (1941 a 1945) foi promovido a "Cabo Pintor", prêmio a quem vencesse o concurso de pintura de viaturas da corporação.

Filho de um modesto funcionário público e de uma dona de casa descendente dos índios tapuias, Aldemir Martins teve uma infância pobre e o Exército seria uma das poucas oportunidades possíveis de inclusão social, como observou o crítico paulistano Jacob Klintowitz em seu livro “Aldemir Martins, o Viajante Amigo”.

Quando deixou o serviço militar ele já frequentava a cena das artes plásticas de Fortaleza. Antes de pegar o “último pau de arara” para o sul maravilha ajudou a criar o Grupo ARTYS e a Sociedade Cearense de Artistas Plásticos junto com outros artistas como Mário Barata, Antonio Bandeira e João Siqueira e outros.

Além de participar de um sem número de exposições no Brasil e no exterior, foi condecorado pelo governo brasileiro com a Ordem do Rio Branco, em grau de Cavaleiro. Suas obras estão expostas em museus e coleções privadas na França, Suíça, Itália, Alemanha, Polônia, México, Argentina, Uruguai, Peru, Estados Unidos, Chile e, claro, no Brasil.

Ele passou seus últimos cinco anos com a saúde muito debilitada por uma arritimia cardíaca.

Aldemir morreu no dia 5 de fevereiro de 2006, aos 83 anos, vítima de enfarto, no bairro do Ibirapuera onde residia em São Paulo.



FONTE:


Um dos meus prediletos

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