O som de quê,
que entra no quarto a essa hora?
Só pode ser daquela lua
intoleravelmente branca e nua
que se arrebenta na rua.
A madrugada respira luz
e suspira sua nudez ousada,
e o sereno transpira um gelo branco
em fios que tecem uma dor dilacerante.
Esse som, que penetra nos poros da noite,
não tem como não ser
daquela lua atrevida, que invejo
com olhos fechados e insones.
Ensurdece meu pensamento,
tristemente solidário com a dor do mundo,
que tomo para mim.
Essa luz ruidosa e redonda,
trinca a terra, que gira,
que engole respostas
e o rugido frio dessa lua onipresente,
em todos os céus,
e que banha de espuma os telhados
e invade minha insônia,
é meu ópio,
é o som de tudo,
é o som de nada.
É setembro, de novo.
Então, eu durmo com o som dessa luz
perturbavelmente branca...
(Ada, 1/9/12)
perturbavelmente branca...
(Ada, 1/9/12)
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