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“Pessoas felizes não sentem
necessidade de criar. O ato criador, seja na ciência ou arte, surge sempre de
uma dor. Não é preciso que seja uma dor doída. Por vezes, a dor aparece como
aquela coceira que tem o nome de curiosidade. Este livro está cheio de areias
pontudas que me machucaram. Para me livrar da dor, escrevi”. (Rubem Alves, Ostra feliz não faz pérola)
“A felicidade
é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não
produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer.
Esses são os artistas.” (Rubem Alves, Ostra
feliz não faz pérola)
Quando li esses textos, meu coração
bateu mais forte. Já escrevi isso, de como doem os pensamentos que precisam ser
escritos, pois é exatamente isso que sinto. Estou apenas começando a ler
Rubem Alves, mas em algumas crônicas lidas, me senti contemplada. Alguns
temas que ele pensou e escreveu, seus olhares para o mundo, são como um déjà vu. Isso me
remeteu imediatamente às minhas buscas sobre a melancolia. Sentimento
perturbador que me persegue desde que me entendo por gente. Esse jeito de ser sempre
me fez incompreendida.. principalmente por mim.
“Há uma antiga e longa tradição de
filósofos, artistas, escritores, poetas e músicos, que vê na melancolia,
enquanto afeto de tristeza, um fator positivo capaz de impulsionar as produções
artísticas, filosóficas, científicas, literárias e até mesmo as grandes ações políticas.
Nós conhecemos a pergunta de Aristóteles no Problema
XXX: “por quê afinal todos os que foram homens de exceção, figuras excepcionais,
seja em filosofia, artes, poesia ou política, foram também manifestamente
melancólicos?” O Filósofo cita vários
exemplos, como Heráclito, Lisandro, Ajax, Belerofonte, Empédocles, Platão e
Sócrates “e muitos outros entre as pessoas ilustres, como de resto o próprio
Aristóteles será citado na posteridade, como um exemplo de grande gênio
melancólico.” (tese
de um doutorando em filosofia na USP).
Então, sempre me sinto aliviada por encontrar
algumas pistas que levam a descobrir afinidades com escritores, poetas,
artistas e filósofos.. que fizeram de suas tristezas uma arte, saber que isso foi assunto de estudo para Aristóteles antes de Cristo (384 a.C.- 322
a.C), me faz tatear uma identidade. Não que isso me torne um deles, acho que seria
arrogância assim pensar, mas me sinto integrante dessa “tribo” que transforma a
dor da vida em alegria de viver. (Ada, 13/4/2013)
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