Sempre ouço o som de uma cigarra
que emana de suas costas.
Ela chora, chora,
esfregando os olhos.
Como as cores das miosótis,
do verão passado, desbotando
nas pontas dos meus dedos,
a cigarra continua chorando.
Também estou chorando
esfregando as minhas asas.
Em busca de sua companheira
a cigarra, por alguns dias,
chora em sua plenitude
como se quebrasse o verão em pedaços.
Pergunto-me se eu poderia fazer o mesmo.
Viver tão apaixonadamente
como uma cigarra.
Poesia extraída do filme do sul coreano Lee Chang-Dong, "Poetry".
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