19 de mar. de 2006

Idade

Perde-se com a idade um não sei quê que era talvez sombra e sabor e até tristeza e assim temos outra paz de inclinação em clareiras limpas tocadas de algum eco melancólico e lúcido E quase sem ilusão entregamo-nos ao âmbito de uma paz que é a medida do mundo quando nada se nos oferece senão o habitar aquelas horas de um universo que é no silêncio glória obscura e transparente Assim nos inebriamos também da madurez procurando a inocente incandescência do tempo quando ilumina as clareiras e é como se nada ainda fosse passado na onda lenta que ascende sobre o peito e que desperta um vago núcleo que inicia António Ramos Rosa, O Livro da Ignorância

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