7 de out. de 2009

Arquitetura que resiste: Rua Bento Freitas 33


(Fotos de Ada em 6/10/2009)
Este sobradão bem no triangulo formado pelas ruas do Arouche e Bento Freitas, tem sua entrada pelo n° 33 da Bento, entre duas palmeiras. Sua sacadinha redonda - um charme - dá de cara para o Largo do Arouche e um coqueiro de quase (estimo) 10 metros de altura. Provavelmente este coqueiro tenha a idade do edifício, quem sabe até mais velho que ele... Uma cúpula de cimento imita um chapéu pontiagudo e cobre a sacada. Não faço ideia de que estilo seja esta construção. Embaixo da sacada, pode-se ler "Casa Triângulo" entre bordados floridos e um guardião de chapéu alado. O número 924 não faz sentido... quem sabe perdeu-se o 1 e seja 1924? Quem sabe seria uma antiga numeração da rua? Estranho é que o 4 está invertido... Enfim, a curiosidade me mata! Viajo no tempo imaginando como eram as pessoas que ali moraram, ou trabalharam, já que embaixo é uma loja (hoje uma farmácia) e já era desde o inicio, como diz o nome no pórtico... O que já vendeu esta loja nestes anos todos? E no que pensava aquele que da sacada mirava a praça? Ali era uma fazenda pertencente ao Sr. Arouche que depois a loteou e, portanto, deveria ser bem mais arborizada. Busquei no livro de tombamentos da Prefeitura e nada encontrei, a não ser um requerimento solicitando-o, se muito me engano. Que não seja tarde, pois a deterioração já é visível... Mais uma arquitetura que resiste! Resistirá?

3 comentários:

Elenara Stein Leitão disse...

Histórias da cidade. Elas me fascinam também.Prédios são bem mais do que paredes e estruturas. Guardam histórias, vidas, sentimentos...
Gostei de ler...
Bjos

Hélio Bertolucci Jr. disse...

Olá. Primeiramente quero lhe parabenizar pelas fotos e também de certa forma pelo protesto. Infelizmente são pouquíssimos os imóveis tombados na cidade de de São Paulo, mas qualquer cidadão pode pedir o tombamento. É somente ir no Conpresp preencher um formulário e pagar uma taxa. Contudo, talvez esses tombamentos na cidade não aconteçam pq. os proprietários não recebem nenhum benefício e as vezes até o imóvel tombado vira um mártirio. Bem, de certa forma temos que nos lamentar pelo abandano de tantas edificações que contam nossas histórias.
Eu sou Hélio Bertolucci Jr. e estou iniciando um trabalho de pelo menos registrar fotograficamente algumas coisas na cidade. Abs,

Anônimo disse...

Olá, primeiramente queria parabenizar pelas fotos dos edifícios antigos que aqui encontrei, e pelo blog em geral, muito interessante!
A foto deste edifício me despertou logo o interesse, pois o conheço de vista, e tenho algumas informações históricas sobre ele, que talvez lhe interessem.
Numa foto de 1919, desta mesma esquina, o prédio ainda não existia. No terreno se encontrava um grande palacete de fins do sec. XIX, conhecido como 'Castello do Arouche', e que pertencia a um afortunado descendente de libaneses (ou sírios? não me lembro direito...). O casarão sofreu inúmeras remodelações, que eliminaram uma torre juntamente com um de seus andares, talvez por motivos estruturais. Tendo isto em conta, poderíamos até concluir que nos inícios da década de 20 ele se encontrasse muito desvalorizado, o que legitimaria a data de construção que consta no edifício, no meio da década.
Quanto a forma de notação, onde se exclui o primeiro '1', trata-se de um constume antigo, que caiu em desuso em meados do séc XX, das pessoas colocarem somente os últimos três algarismos da ano quando escrevem a data. Podemos ver isso muito freqüentemente nos postais desta epoca, que são datados, por exemplo, na forma 23-2-934 (ou seja, 1934).
Um mistério continua o fato de o 4 ser invertido... mas, além disso, o nome do edifício é 'triângulo', o que talvez nos permitiria fazer uma ligação deste com a maçonaria, coisa que já ouvi falar ...
Abraços
Octávio