Na mordaça do sono
que se esgota com a manhã
em vigília, em torpor,
percorro num vôo lúcido
a superfície daquele mar preto.
Seu brilho metálico esconde
pensamentos de outrora
Não só os meus.
Quais seriam não importa
há um cansaço nas horas.
O peixe que reluta oxigênio e lodo
não difere de mim aqui,
estatelada nesta cama.
Em vôo posso ver
como se visse da janela.
Acontece todos os anos.
Mergulho no seu encalço
para provar que a vida segue
e os pensamentos se repetem,
diferentes em tudo tão igual.
Estamos lá [o peixe e eu
sugando as horas infindas
que nos restam,
enquanto o Mundo seguirá à nossa revelia
Na Baia de São Vicente.
(Ada, 15/12/2009)
Fotos da Baia de São Vicente |
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