Boto uma meia quente, cubro a cabeça.
Minha consciência anda descalça no asfalto áspero e frio.
Sua cabeça brilha úmida pelo sereno da madrugada.
Tento relaxar meu corpo cansado e dolorido,
Enquanto minha consciência tropeça aflita
Em pessoas que dormem na rua,
Nos cães famintos encolhidos debaixo de marquises.
Fecho janelas anti ruído, pagas à prestação,
Mas, minha consciência não se prende a este conforto
E escuta lamentos de florestas derrubadas
E miados de gatos no cio.
Encolho as mãos debaixo do travesseiro
E seus dedos enregelados reviram os sacos de lixo
À cata de moedas de troca,
Retiram escombros, abrem feridas.
Tomo um chá reconfortante, de hortelã e cidreira.
Ela padece de boca seca e persegue a sede do mundo.
Quer resolver os rios que secam,
E salvar as baleias da caça que dizima.
Minha consciência fica remoendo desentendidos,
Recitando filosofias, desenhando políticas,
Escrevendo pensamentos cruéis e poéticos.
Preciso descobrir como se faz uma consciência dormir.
Ada, 20/6/2010
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