1 de fev. de 2011

Amiga Rosa, parece que nada mudou!


A vivência que mais me faz lembrar de Rosa Cohen, em todos estes anos, foi um trabalho de arte que fizemos na Faculdade de Arquitetura lá pelos idos de 1974. Não me lembro exatamente qual era o tema, mas decidimos representar a sociedade de consumo no capitalismo. 

O símbolo mais forte era a Coca-Cola. Para moldar a garrafa de coca-cola em gesso, usamos a massa de alginato, que é o material de moldagem usado pelos dentistas para moldar dentes. Naquela época a garrafinha de coca-cola era de vidro em alto relevo nas letras Coca-Cola, portanto nosso molde ficou perfeito. Fizemos em metades e colamos as partes, e a garrafinha em gesso ficou exatamente igual à original.


Mas faltava ainda dar o recado sobre as mazelas que o sistema impõe aos povos. Faltava dar um toque sutil, artístico, ao protesto que a obra se propunha. Vivíamos uma ditadura ferrenha e a juventude vivia meio que cautelosamente, mas sempre registrando seus protestos de todas as formas possíveis.

Precisávamos demonstrar o “arroto” que a Coca-Cola provoca. O arroto era o recado perfeito, cheio de simbolismos: o bafo azedo, a falta de educação do arrotar, o caos no estômago, o segredo da fórmula capitalista, o vício que provoca, a dominação de mercado, o poder econômico, a dominação de todos os povos, afinal a cada dez segundos, 126 mil pessoas consomem um produto da The Coca-Cola Company em 200 países pelo mundo, inclusive na China Socialista.

Criativamente, enchemos de ar uma bexiga branca e a acoplamos na boca da garrafa em gesso, e propositalmente deixamos tudo em branco, o que também dava um recado...

Conseguem imaginar o resultado? Isso! A bexiga representou perfeitamente tudo o que queríamos! Orgulhosas, expusemos nosso trabalho na sala de aula, entre tantos outros. Um trabalho que nos envolveu por dias e dias e que tanto nos aproximou, estreitando a amizade.

Um retrato ao avesso do nosso trabalho

O marketing da Coca-Cola é o seu forte. Evoluiu e foi se adaptando aos tempos. Hoje, uma das propagandas da marca, lembra muito o nosso trabalho de arte feito há 35 anos. Só que obviamente, ao invés do arroto, o que explode da garrafinha é o prazer e a felicidade que é vendida em latas e pets e acumula um lucro de US$ 1,35 bilhão. Apesar de termos conquistado a democracia, ainda permanece atual o nosso protesto quanto ao engodo que é o capitalismo!

Na nossa obra de arte, a Coca-Cola explodia um arroto azedo ao invés do prazer propagandeado

Encontrei Rosa Cohen no último domingo, no bairro oriental , a Liberdade, e exatamente no mesmo restaurante em que almoçava com Mayra, minha filha. Gente, o mundo é pequeno mesmo! É como acertar na loteria, uma chance em mil eu tinha para encontrá-la entre milhares de pessoas que lotavam todas as lojas, bares e restaurantes, feito um formigueiro. Uma chance em mil de reconhece-la, depois de tantos anos! Parece que o tempo não passou, ela não mudou em nada! E que alegria em rever minha amiga de faculdade!

Rosa, precisamos colocar em dia nossas vidas e curtir a emoção de retomar uma bela amizade que tivemos! Beijos e até breve!

4 comentários:

Andre Luis Aquino disse...

Ainda me lembro de quando o Renato Russo Cantava "Geração Coca-Cola".Bons tempos os seus, tempos em que a juventude ainda não estava totalmente corrompida pelo consumismo e São Paulo não era tão reacionário como é hoje em dia.Bons tempos os seus de amizades tão interessantes e duradouras.

Anônimo disse...

Olhe, gostaria que fosse "mais pequeno" ainda o mundo, para nos vermos, encontrarmos e tocarmos sempre. Não tem nada melhor.

Anônimo disse...

Oi amiga, acabei de ler Coisas de Ada, e vi um comentário de uma pessoa dizendo que gostaria que o mundo fosse menor para poder encontrar amigos... e eu também gostaria de que o mundo fosse menor para encontrar amigos e inimigos, pedir perdão à esses, porque talvez eu tenha errado com eles. Aos amigos gostaria de dar um grande abraço, saudades tenho de Dorothy, que casou-se e foi morar em Santo André, de Guiomar casada com aviador, este foi trabalhar como taxista aéreo no Paraná, nunca mais tive noticias do casal, saudades de Maimo (Maria Luiza Mendes de Almeida) secretária, saudades de sua irmã Maria Luiza, casou-se, não me recordo do seu sobrenome de casada. Da Gina, uma paraense que veio de Ita (um pequeno navio) para o Rio de Janeiro, depois para São Paulo, também de Rose, paraense, esta voltou para o Pará, acho que já faleceram, eram mais velhas que eu. Tenho saudades dos meus antigos namorados e não vou dar nomes, pois foram muitos, mas o mais querido eu conto, era Jair Cassiano P., êsse parece estar vivo, vive em Catanduva... Foi uma paixão eterna, dura até hoje. Saudade de minha querida Ribeirão Preto, tão quente, de terra roxa, cheia de vida, onde usufruí de muitos coisas boas e outras más. Competi em natação, aos 16 anos peguei um bigu no aeroporto da cidade onde ia assistir o desempenho de futuros aviadores, e nisso tive o prazer de voar um teco-teco de 2 asas vermelho. E o presságio desse vermelho que seria a minha paixão política. Oh saudades! Nadei no rio Mogyguaçú, ao lado de uma cobra gigante, Jibóia que estava grossa devido ter engolido muitos peixes, nem ligou para mim. Minhas colegas, na beira do rio, gritando para eu sair... Eliana vou me despedir, se eu continuar não acabo mais, beijos, Jenny.

Anônimo disse...

Eliana,o trabalho que vocês fizeram sobre a Coca Cola foi magnifico! Gostei muito. Bjs