9 de dez. de 2011

Clarice Lispector: 91 anos e uma declaração de amor

Clarice, 
você me fisgou quando li uma primeira frase sua. 
Continua me fisgando, 
com seus fragmentos de textos espalhados pelaí, 
dentro de mim, fora de mim, tapete para meus pés, 
pairando sobre minha cabeça, 
um anzol desproporcional que se enrosca em minha língua, 
debaixo dela, 
me faz salivar e querer perpetrar seus pensamentos, 
seus diálogos comigo, 
me faz querer roubar suas palavras e come-las, 
uma a uma com açúcar e pimenta, 
querer ser enterrada com elas, 
e seguir nascendo a cada morte que a palavra dela mata... 
E a cada dia sigo te descobrindo 
e amando.
Clarice, feliz aniversário! 

(Ada 9/12/2011)


"Não entendo. 
Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. 
Entender é sempre limitado. 
Mas não entender pode não ter fronteiras. 
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. 
Não entender, do modo como falo, é um dom. 
Não entender, mas não como um simples de espírito. 
O bom é ser inteligente e não entender. 
É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. 
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. 
Só que de vez em quando vem a inquietação: 
quero entender um pouco. 
Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

(Clarice Lispector)

2 comentários:

maleeugenio@gmail.com disse...

INUNDADA DE POESIA E AMIZADE!!

maleeugenio@gmail.com disse...

INUNDADA DE POESIA E AMIZADE!!