26 de out. de 2012

Os catadores de conchas, MacNeice e Mozart: arte num romance

Seiscentas e noventa e sete páginas! Eis Rosamunde Pilcher em seu romance “Os catadores de conchas” que acabei de ler. Uma delicadeza em cada página, onde a gente se identifica com os sentimentos humanos que, de tão humanos, se replicam na gente todos os personagens... São coisas do amor, da família, alegrias, desejos, paixões, arte, mesquinharias, solidão, segredos, generosidades, essas coisas todas mundanas, mas tratadas com muito respeito e emoção. Me provocou boas reflexões... Nessa leva de páginas sobre a saga familiar, descobri também Louis MacNeice, um poeta irlandês de Belfast (1907/1963) que aparece no romance:

Setembro chegou, e é daquela,
Cuja vitalidade salta para o outono,
Cuja natureza prefere
Árvores sem folhas e um fogo na lareira.
Assim eu lhe dou este mês e o seguinte,
Embora meu ano inteiro devesse ser dela, que
Já tornou intoleráveis ou perplexos tantos de
Seus dias, mas tantos tão felizes.
Daquela que deixou um perfume em minha vida,
Que deixou minhas paredes sempre
Dançando com sua sombra,
Cujos cabelos se entrançam em todas
As minhas cachoeiras,
E toda a Londres apinhada de beijos recordados."

E quando morreu Penélope, personagem principal, tocaram Eine Kleine Nacht Musik, Mozart, sua preferida em seu velório:


Eine Kleine Nacht Musik by Mozart on Grooveshark

E me surpreendeu esse parágrafo: “Enquanto mãezinha vivia, Olivia sabia que alguma pequenina parte de si mesma continuava criança, mimada e adorada. Talvez uma pessoa jamais crescesse inteiramente, enquanto tivesse a mãe viva”.

Assim, ouvindo a canção e lendo uma poesia de MacNeice, mencionados no romance, completo o ciclo de leitura de tão agradável romance, da mesma forma que no romance, a personagem principal completa seu círculo de vida. Recomendo.

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