"Leite derramado" de Chico Buarque, é exatamente o que é a vida, não termina ali, na última página, como uma história finita. Não tem começo, nem fim. É um ciclo de vida contado por um personagem que está perto de morrer e que espreme suas memórias voltando ao passado como se fora o presente e o futuro, ao mesmo tempo, sem distinção. Com uma fluidez, simplicidade e delicadeza próprias de Chico, a história escorre, liquidamente, entre as várias gerações dos Eulálios D´Assumpção, e insinua a decadência da nobreza e as mazelas da sociedade burguesa. As palavras fluem poeticamente, cheias de sentimentos e significados. São palavras que compreendem a vileza humana, previsível como se fosse lógico e não faz julgamentos delas. As memórias se repetem, sem fim, são recontadas diversas vezes, de tráz prá frente, como se fosse da primeira vez, quando os sentimentos já são outros, os fatos já são outros, a sociedade e a política é outra. As construção das frases é usada como em sua música "construção", o operário ama, come, vive, como se fosse a última e a próxima e a primeira vez... Em todas elas o leite é derramado, não há como recuperar o passado. O que está feito, está feito. Por ser tão simples, gostei. Agora, só faltava mesmo colocar uma melodia e dedilhar um violão... Recomendo.
De lambuja ouça
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3 comentários:
"Chico é um idiota político. Foi e ainda é propagandista de uma das ditaduras mais assassinas da terra: a de Fidel Castro, em Cuba. Não! Isso não faz dele um mau romancista. O que o torna um mau romancista são seus romances ruins. Sua parvoíce ideológica também não compromete a qualidade de suas músicas — das líricas, ao menos, não; as políticas são de doer. Já o critiquei aqui várias vezes e levei porrada de todo lado — e a mais usual, evidentemente, é o famoso “quem é você para criticar Chico Buarque?”." (reinaldo azevedo, na veja) - e se reparou, faço questão de escrever toda essa merda de nomes com letras minúsculas. E vou eu dar porrada também, claro! Quem é o idiota político, aqui? Quem escreve parvoices, aqui? Essa "galera do mal" se acha a mais sábia em tudo. Chico é uma pessoa simples que sente o simples. Querem é complicar as coisas. A luta de classes é implacável, só não descobrimos (o povo) ainda, nossas armas, que se cuidem os reinaldosazevedos!... mas digo ao Chico: continue assim escrevendo romances simples, sinceros, e musicas maravilhosamente poéticas, políticas para nós (simples mortais)... e que os "deuses arrogantes deste olimpo reacionário", se danem!!!
Completando: me deu nauseas ler os comentários no blog do reinaldo azedo (ops)... essa direita deve esperar sim, pacientemente, que chicobuarqueremos em breve...e que chicobuarques se multipliquem!!
Certas palavras são feitas para serem ditas, outras para serem escritas e há aquelas ainda que são só para serem ouvidas.Eu te amo se encaixa nessas três categorias.
Eu ouço e leio Chico a vida toda e ele me inspira e embala amores e desilusões.Um abraço!
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