Baía de São Vicente vista do Grajahú |
Ela resiste, apesar dos pesares.
Agora real e ainda deslumbrante
aos meus olhos que reluzem
luz em água preta.
Lisa e viscosa
estica-se até o asfalto
e se espreguiça
com jeito antigo, perene.
Meus olhos ainda se perdem em ti,
como antes, quando nem te conhecia
[quando esmeralda límpida]
e se perderão no seu vir a ser
em marés com hora marcada
e em correntezas que levam
fantasmas de seus afogados.
Lânguidos de calor e trêmulos
feito a Bandeira do Brasil
lá no alto do morro,
meus olhos evaporam o verde hálito
de suas escassas árvores ao amanhecer.
A bandeira majestosa
dá ordens aos navegantes de outrora
que cruzaram os mangues
e aos poetas que se entregam a todo encanto
[e ao seu] mesmo rude.
Ignoro os gritos das suas calçadas calejadas.
Diante de ti perco e recupero forças
num ciclo.
Pois que, tu vens resistindo em sua história
com outras cores e peixes e eu,
com novos risos e saudades.
(Ada 7/1/2010)
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