A esfinge
(Myriam Fraga)
Revesti-me de mistério
Por ser frágil,
Pois bem sei que decifrar-me
É destruir-me.
No fundo, não me importa
O enigma que proponho.
Por ser mulher e pássaro
E leoa,
Tendo forjado em aço
As minhas garras,
É que se espantam
E se apavoram.
Não me exalto.
Sei que virá o dia das respostas
E profetizo-me clara e desarmada.
E por saber que a morte
E a última chave,
Adivinho-me nas vítimas que estraçalho.
Salvador, 1964
De O Risco na Pele (1979)
***
Nascida em Salvador, em 1937, Myriam Fraga é poeta, biógrafa e administradora cultural. Diretora executiva da Fundação Casa de Jorge Amado, desde sua fundação em 1986, ela tem tomado parte em diferentes organismos, como o Conselho Federal de Cultura e o Conselho Estadual de Cultura da Bahia.
Também merece destaque sua obra de divulgação histórica e cultural. Ela escreveu Leonídia, a Musa Infeliz do Poeta Castro Alves (2002), e uma coleção completa de livros infanto-juvenis com biografias de escritores e artistas como Castro Alves, Jorge Amado, Carybé e Graciliano Ramos.
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