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Foto: Bento Arruda |
Outono chegou.
A estação me faz introspectar. Gosto do outono.
Junto com as folhas que cobrem o chão,
abro as cobertas sobre meu corpo frio
e vou caindo em mim,
e sobre as peças que a vida vai pregando,
algumas sem nexo,
outras cheias de razão.
Resta um tronco pelado,
em pé,
galhos em riste e cheios de seiva endurecida
pelo inverno anunciado.
Raízes enterradas em cimento trincado.
Um coração barulhento
sussurra no ouvido
[uma toada forte]
que é preciso esperar...
esperar...
esperar.
Não sei se haverá esse tempo
de esperar que meu amor desacelere
dentro de mim.
Amor deteriora pelo tempo?
Vou colocá-lo
[o tempo e o amor]
embalado no freezer,
como se faz com o alimento que não vamos consumir.
Vou guardá-lo num saco de supermercado,
ecológico,
que se diz auto-desmanchável,
ou enrolado em papel alumínio,
à vácuo. Protegido?
O prazo de validade deste amor
não vem estampado em lugar algum,
será preciso esperar...
esperar...
esperar.
Um teste de quanto dura,
e de quanto é duro entender outros corações.
O meu, anda estranhado,
cantando canções em grego.
(Ada, 3/4/2013)
* Andreas Grega é um cantor sueco, compositor e vocalista na banda Kungers. Grega estreou como artista solo no Outono de 2009, em janeiro 2010 lançou o álbum "Uma coisa de cada vez." Compôs um rapp que se tornou o mais popular do disco, um hip hop sueco.
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